domingo, 27 de fevereiro de 2011

Havia um Por-do-Sol


Havia um pôr-do-sol desmaiando, contornos de ilhas longínquas recortando horizonte e um vento, macio e fresco, que nos semeava no rosto salpicos de mar-alto.
Atrás de nós, só a espuma dos dias.
Nem o belo, nem o prazer, nem o amor - frutos de um acaso solitário: só a partilha é uma dádiva.

Chuva

Dia de Muita Chuva em Sampa!!!



Iluminismo


Os pensadores iluministas se empregam em suas ideologias e publicações. E as conseqüências que o Iluminismo acabou deixando, como por exemplo, o aparecimento do despotismo esclarecido em vários países na Europa. Enquanto a Burguesia, os Iluministas acreditavam que Deus está presente na natureza, e que pode descobri-lo através da razão, então, ai está o princípio do Iluminismo e dos nossos pensamentos. Para nós fica este exemplo de lutarmos por aquilo que achamos corretos (nossas opiniões), e que não ficar calado aceitando tudo que ocorre.
A revolução intelectual que se efetivou na Europa, especialmente na França, no século XVIII, ficou conhecida como Iluminismo. Esse movimento representou o auge das transformações culturais iniciadas no século XIV pelo movimento renascentista.
O antropocentrismo (teoria que considera o Homem o centro do Universo) e o individualismo renascentistas, ao incentivarem a  investigação científica, levaram à gradativa separação entre o campo da fé (religião) e o da razão (ciência), determinando profundas transformações no modo de pensar, sentir e agir do homem.
Colocando em  destaque os valores da burguesia, o Iluminismo favoreceu ao aumento dessa camada social. Procurava uma explicação através da razão (ciência) para todas as coisas, rompendo com todas as formas de pensar até então consagradas pela tradição. Rejeitava a submissão cega à autoridade e a crença na visão medieval teocêntrica.
Para os iluministas só através da razão (ciência) o homem poderia alcançar o conhecimento, a convivência harmoniosa em sociedade, a liberdade individual e a felicidade. A razão (ciência) era, portanto, o único guia da sabedoria capaz de esclarecer qualquer problema, possibilitando ao homem a compreensão e o domínio da natureza.
As novas idéias conquistaram numerosos seguidores, a quem pareciam trazer luz e conhecimento. Por isto, os filósofos que as divulgaram foram chamados iluministas; sua maneira de pensar, Iluminismo; e o movimento, Ilustração.
As tendências que marcaram o Iluminismo foram: a valorização do culto da razão e predominância da ciência; crença no aperfeiçoamento do homem e a liberdade política, econômica e religiosa.

A ideologia burguesa
O Iluminismo expressou o aumento da burguesia e de sua ideologia. Foi a culminância de um processo que começou no Renascimento, quando se usou a razão para se descobrir o mundo, e que ganhou aspecto essencialmente crítico no século XVIII, quando os homens passaram a usar a razão (ciência) para entenderem a si mesmos no contexto da sociedade. Tal espírito generalizou-se nos clubes, cafés e salões literários. A filosofia considerava a razão indispensável ao estudo de fenômenos naturais e sociais. Até a crença devia ser racionalizada. Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que Deus está presente na natureza, portanto no próprio homem, que pode descobri-lo através da razão. Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensável. Os iluministas criticavam-na por sua intolerância, ambição política e inutilidade das ordens monásticas (vinda de monges, autoridades religiosas).
Os iluministas diziam que leis naturais regulavam as relações entre os homens, tal como regulavam os fenômenos da natureza. Consideravam os homens todos bons e iguais; e que as desigualdades seriam provocadas pelos próprios homens, isto é, pela sociedade. Para corrigi-las, achavam necessário mudar a sociedade, dando a todos liberdade de expressão e culto, e proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras.
O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade; ao governo caberia garantir direitos naturais: a liberdade individual e a livre posse de bens; tolerância para a expressão de idéias; igualdade perante a lei; justiça com base na punição dos delitos, conforme defendia o jurista milanês Beccaria. A forma política ideal variava: seria a monarquia inglesa, segundo Montesquieu e Voltaire; ou uma república fundada sobre a moralidade e a virtude cívica, segundo Rousseau.
Principais pensadores iluministas
John Locke
1632-1704
Ensaio sobre o entendimento humano
Charles de Secondat Montesquieu
1689-1755
O espírito das leis
Françoise Marie Arouet Voltaire
1694-1778
As criticas ao clero católico
Denis Diderot
1713-1784
A Enciclopédia
Jan-Jacques Rousseau
1712-1778
O contrato social
Podemos dividir os pensadores iluministas em dois grupos: os filósofos, que se preocupavam com os problemas políticos; e os economistas, que procuravam uma maneira de aumentar a riqueza das nações. Os principais filósofos franceses foram Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Diderot.
Montesquieu- Publicou em 1721 as cartas Persas, em que ridicularizava costumes e instituições. Em 1748, publicou o Espírito das leis, nela estudou as diversas formas de governo – despotismo, monarquia e República - destacava a monarquia inglesa e recomendava, como única maneira de garantir a liberdade, a independência dos três poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário. Defendia o princípio de que as diferentes formas de governo seriam o resultado da situação socio-econômico de cada país, na seguinte ordem: países de grande extensão territorial adotariam O Despotismo: países de tamanho médio, a Monarquia Limitada e países de dimensões pequenas adotariam a República.
Voltaire- Foi o mais importante dos iluministas franceses. Por fazer duras críticas aos privilégios da nobreza e da igreja e defender as liberdades individuais, Voltaire foi obrigado a se exilar (sair) da Inglaterra. Ajudou a difundir as idéias liberais do filósofo iluminista inglês LOCKE e atacou a igreja com a maior fonte de ignorância e fanatismo que existia. Defensor da tolerância e do respeita às opiniões contrárias, Voltaire detestava a arrogância do estado e da igreja. Suas ironias lhe proporcionaram inúmeros inimigos poderosos, ao que ele respondia. "que Deus me livre dos meus amigos, que dos meus inimigos me livro eu". No seu célebre cândido, um livro pequeno leve e muito divertido, ele resumiu suas principais idéias. Também colaborou na elaboração da enciclopédia. Criticava o absolutismo de direito divino, propondo a participação da burguesia esclarecida no governo, como forma de garantir a paz e a liberdade, tanto política quanto religiosa. Discípulos se espalharam pela Europa e divulgaram suas idéias, especialmente o anticlericalismo (anti – a classe de sacerdotes e ministros cristões).
Rousseau- Teve origem modesta e vida aventureira. Nascido em Genebra, era contrário ao luxo e a vida mundana. Em Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens, defendeu a tese da bondade natural dos homens, pervertidos pela civilização. Consagrou toda a sua obra à tese da reforma necessária da sociedade corrompida. Propunha uma vida familiar simples; no plano político uma sociedade baseada na justiça, igualdade e soberania do povo. Como mostra em seu texto mais famoso, O Contrato Social. Sua teoria da vontade geral, referida ao povo foi fundamental na Revolução Francesa e inspirou Rodespierre e outros líderes. Suas principais idéias estão nas obras: Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens (que acusava a propriedade privada de destruir a liberdade social promovendo o despotismo (sistema de governo absolutista), a fraqueza e a corrupção da sociedade. Para ele, "a propriedade introduzia a desigualdade entre os homens, a diferenciação entre o rico e o pobre, o poderoso e o fraco, o senhor e o escravo, até a predominância da lei do mais forte.

O homem era corrompido pelo poder e esmagado pela violência) e Contrato Social (afirmava que, para combater a desigualdade introduzida com o aparecimento da propriedade privada, os homens deveriam consentir em fazer um contrato social, pelo qual cada indivíduo concordava em se submeter inteiramente à vontade geral, ou seja, à vontade do "soberano", que era o próprio povo. Portanto, o que prevalecia era a vontade da comunidade e não a vontade individual de cada membro dessa comunidade. Como cada indivíduo se unia a todos e ninguém se unia em particular, o homem continuaria livre, uma vez que todos tinham direitos iguais na comunidade). Para Rousseau o governo era apenas "o ministro do soberano", o agente encarregado de executar a lei. Seu poder poderia ser modificado limitado ou retomado sempre que o povo desejasse. Rousseau destacou-se dos demais filósofos iluministas por valorizar não somente a razão, mas também os sentimentos e as emoções, pregando a volta à natureza e `a simplicidade da vida. Sua teoria da "vontade geral" inspirou os líderes da Revolução Francesa e do movimento socialista do século XIX.
Diderot- Organizou a Enciclopédia, publicada entre 1751 e 1772, com a ajuda do matemático d’Alembert e da maioria dos pensadores e escritores. Proibida pelo governo por divulgar as novas idéias, a obra passou a circular clandestinamente. Os ecomistas pregaram essencialmente a liberdade econômica e se opunham a toda e qualquer regulamentação. A natureza deveria dirigir a economia; o Estado só intervia para garantir o livre curso da natureza. Eram os fisiocratas, ou partidários da fisiocracia (governo da natureza). Quesnay afirmava que a atividade verdadeiramente produtiva era a agricultura. Gournay propunha total liberdade para as atividades comerciais e industriais, consagrando a frase: "Laissez Faire, laissez passer." (deixe fazer, deixe passar). Os escocês Adam Smith, seu discípulo, escreveu a riqueza das nações (1765), em que defendeu: Nem a agricultura, como queriam os fisiocratas; nem o comércio, como defendiam os mercantilistas; o trabalho era fonte da riqueza. O trabalho livre, sem intervenções, guiado espontaneamente pela natureza.

Despotismo esclarecido
O despotismo esclarecido foi adotado por monarcas europeus os seus primeiros ministros em países economicamente atrasados no século XVIII influenciados pela idéias iluministas procuravam modernizar seus Estados, sem abandonar o poder absoluto. Em parte, sinceramente, tocados pelas novas idéias, mas, principalmente, tentando impedir que descontentamento dos setores conscientes da população, como a burguesia, se generalizassem em revolução. Para atingir seus objetivos, realizaram algumas reformas de caráter social, como a construção de hospitais e asilos e o aumento da divulgação da educação e cultura. Tentaram desenvolver os recursos econômicos de seus países, incentivando o comércio e a indústria.
As reformas realizadas pelos déspotas esclarecidos buscavam conciliar a autoridade absoluta do monarca com as propostas de liberdade dos iluministas, que combatiam os privilégios e o parasitismo da aristocracia e o obscurantismo do clero. Esses monarcas, porém, não foram bem-sucedidos . isso porque queriam forcar o desenvolvimento de seus países, saltando as etapas naturais desse processo. Assim, por exemplo, além de impedir qualquer participação popular, tentavam conduzir uma política econômica sem a participação da burguesia e, portanto, sem capitais para desenvolver a indústria e fazer o país produzir. Ao contrário do que pretendiam os déspotas esclarecidos, seus países não chegaram a se tornar nações modernas, em condições de igualdade com a Inglaterra e a França.
O Despotismo Esclarecido é apenas passado um tema cristalizado.
Os principais déspotas esclarecidos foram: Frederico II, rei da Prússia; Catarina II, czarina da Rússia; Marquês de Pombal, ministro de Dom José I de Portugal; e Aranda, ministro de Carlos III da Espanha
A Queda da Bastilha
No dia 14 de julho de 1789 o povo de París saiu às ruas e invadiu a Bastilha, fortaleza que simbolizava o Absolutismo real, libertando seus prisioneiros. Para muitos era o início da Revolução Francesa. Os franceses ainda comemoram a Queda da Bastilha como a data nacional do país.
Segundo a historiografia tradicional, a Queda da Bastilha marca o início da Revolução Francesa. Não há dúvida de que o movimento popular em Paris tenha grande significado, porém a Revolução deve ser vista como um processo, onde é necessário analisar a situação econômica do país, os interesses de classes envolvidos e os interesses dos demais países europeus.

A Bastilha
A Bastilha foi construída em 1370 e tornou-se uma prisão durante o reinado de Carlos VI; no entanto foi durante a Regência do Cardeal Richelieu, no século XVII que tornou-se uma prisão para nobres ou letrados, adversários políticos, aqueles que se opunham ao governo ou mesmo `a religião oficial.
No dia 14 de julho a Bastilha abrigava apenas 7 prisioneiros, no entanto a multidão invadiu-a tanto por representar um símbolo do absolutismo, como para tomar as armas que haviam em seu interior.
A revolução
A importância da Queda da Bastilha reside no fato de que a partir desse momento a revolução conta com a presença das massas trabalhadoras, deixando de ser apenas um movimento onde deputados julgavam que poderiam eliminar o Antigo Regime apenas fazendo novas leis.
A gravidade da crise econômica havia envolvido todo o país em uma situação caótica: os privilégios dados à nobreza e ao Alto Clero dilapidaram as finanças do país, situação ainda mais agravada com a participação da França na Guerra de Independência dos EUA em ajuda aos colonos e palas secas, responsáveis por uma crise agrária, que levava os camponeses miséria extrema e determinava o desabastecimento das cidades assim como a retração do comércio interno.
O Rei Luís XVI
Na medida em que a nobreza recusou-se a abrir mão de seus privilégios, o rei Luís XVI viu-se forçado a convocar a Assembléia dos Estados Gerais, que reuniria os representantes da Nobreza, do Clero e do Povo ( burgueses). As manobras políticas da realeza tinham por objetivo fazer aprovar nova legislação, que preservaria os privilégios do 1° e 2° estados e ao mesmo tempo sobrecarregariam o 3° estado.
Reunião da Assembléia Nacional
Em17 de junho os representantes do povo se auto proclamam Assembléia Nacional. Esse fato representa de um lado o grau de organização e a consciência da burguesia, ancorada pelos ideais do Iluminismo, e ao mesmo tempo nos dá idéia de qual era a perspectiva de Revolução para essa classe social, eliminar o Antigo Regime, através de uma reforma na legislação, forçando o rei a aceitar o organização de um poder legislativo responsável pela elaboração das leis.

Enquanto os deputados se reuniam na Assembléia, o rei reunia tropas na tentativa de evitar o movimento revolucionário, foi nesse contexto que formou-se a "Milícia de Paris" e no dia seguinte as ruas e a Bastilha eram do povo.
O movimento revolucionário saia às ruas; percebia-se que somente com a participação e o apoio popular poderiam haver mudanças significativas. Apesar de organizada e armada, a camada popular urbana defendia a manutenção da Assembléia Constituinte e portanto acreditava que as novas leis poderiam trazer uma mudança significativa.

A rebelião camponesa no interior
Ao contrário, no campo, a situação era de marcada por grande radicalização caracterizada por invasões de propriedades senhoriais,,onde muitos nobres foram executados, cartórios invadidos, onde os títulos de propriedade feudal eram queimados. Os camponeses não possuíam uma ideologia definida e nem um projeto acabado, porém o movimento – Grande Medo - refletia a situação de profunda miséria vivida no campo.
Ao fugir do controle da burguesia, o movimento camponês foi responsável por uma das primeiras mudanças significativas da Revolução: a 26 de agosto foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de inspiração iluminista, defendia o direito a liberdade, à igualdade perante a lei, a inviolabilidade da propriedade privada e o direito de resistir à opressão.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vidas Secas


Vidas Secas (Graciliano Ramos)

Enquanto estou em aula vaga na escola termino de ler meus livros, mas infelizmente acabou meu restante de tempo. Começou a temporada de correção de pesquisa e trabalhos. 
Mas vai ai um livro que vamos trabalhar com História, Filosofia, Literatura e Português. 
Muito Bom!!   

 A obra se classifica entre o conto e o romance e fala do drama do retirante diante da seca implacável e da extrema pobreza que leva a um relacionamento seco e doloroso entre as personagens, quase um monólogo. Os participantes da história são: Fabiano o chefe da família, homem rude e quase incapaz de expressar seu pensamento com palavras; Sinhá Vitória, sua mulher com um nível intelectual um pouco superior ao do marido que a admira por isto; O menino mais novo, quer realizar algo notável para ser igual ao pai e despertar a admiração do irmão e da Baleia, a cadela; O menino mais velho, sente curiosidade pela palavra "inferno" e procura se esclarecer com a mãe, já que o pai é incapaz; A cadela, Baleia, e o papagaio completam o grupo de retirantes, na história; Representando a sociedade local, na história, estão o soldado amarelo, corrupto e arbitrário, impõe-se ao indefeso Fabiano que o respeita por ser representante do governo; Tomás da Bolandeira, dono da fazenda, onde a família se abrigou durante uma tempestade, e homem poderoso da região que impõe sua vontade. O livro tem l3 capítulos, até certo ponto autônomos, ligando-se por alguns temas.

 Mudança

Este capítulo é o inicio da retirada, com as personagens citadas acima. Supõe uma narrativa anterior: "Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos." Tocados pela seca chegam a uma fazenda abandonada e fazem um a fogueira. A cachorra traz um preá: "Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinhá Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensangüentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo," Fala da terra seca e do sofrimento. A comunicação é rara e ocorre quando o pai ralha com o filho e esse procedimento é uma constante no livro. Há uma intenção do autor de não dar nome aos meninos, para evidenciar a vida sem sentido e sem sonhos do retirante. "Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira duma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto."

 Fabiano

"Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara - se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado." Contente dizia a si mesmo: "Você é um bicho, Fabiano." Mostra o homem embrutecido, mas capaz de auto-análise. Tem consciência de suas limitações e admira quem sabe se expressar. "Admirava as palavras compridas da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas."

 Cadeia

Na feira da cidade o soldado convida Fabiano para jogar baralho e depois desentende-se com ele e o prende arbitrariamente. A figura do soldado amarelo simboliza o governo e, com isto, o autor quer passar a idéia de que não é só a seca que faz do retirante um bicho, mas também as arbitrariedades cometidas pela autoridade. Ao fim do capítulo ele toma consciência de que está irremediavelmente vencido e sem ilusões com relação á sorte de seus filhos. "Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo."

 Sinhá Vitória

Enquanto o marido aspira um dia saber expressar-se convenientemente, a mulher deseja apenas possuir uma cama de couro igual a do seu Tomás da bolandeira, fazendeiro poderoso que é uma referência. Ela recorda a viagem, a morte do papagaio, o medo da seca. A presença do marido lhe dá segurança.

O Menino Mais Novo

Quer ser igual ao pai que domou uma égua e tenta montar no bode caindo e sendo motivo de chacota de irmão e da Baleia. O sonho do menino é uma forma de resistência ao embrutecimento, tal como a mãe que sonha com a cama de lastro de couro.

 O Menino Mais Velho

As aspirações da família são cada vez mais modestas. Tudo que o menino mais velho desejava era uma amizade e a da Baleia já servia bem: "O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se para não magoa-lo, sofria a carícia excessiva."

 Inverno

É a descrição de uma noite chuvosa e os temores e devaneios que a chuva desperta na família. Eles sabiam que a chuva que inundava tudo passaria e a seca tomaria conta de suas vidas novamente.

A Festa

É um dos capítulos mais tristes. É natal e a família vai à festa na cidade. Fabiano compara-se com as pessoas e se sente inferior. Depois da missa quer ir às barracas de jogo mas a mulher é contra porque ele bebe e fica valente. Acaba pegando no sono na calçada e em seus sonhos os soldados amarelos praticam arbitrariedades. A família toda sente a distância que os separa dos demais seres. Sinhá Vitória refugia-se no devaneio, imaginando-se com a cama de lastro de couro.

 Baleia

É um capítulo trágico. O autor faz uma humanização da cadela Baleia. Ela parece doente e será sacrificada. Desconfiada, tenta esconder-se. Não entende porque estão querendo fazer isso com ela. Já ferida ela espera a morte e sonha com uma vida melhor. Na história, a Baleia e sinhá Vitória são as personagens que conseguem expressar melhor os seus anseios.

 Contas

Fabiano tem de vender ao patrão bezerros e cabritos que ganhou trabalhando e reclama que as contas não batem com as de sua mulher. Revolta-se e depois aceita o fato com resignação. Lembra que já fora vítima antes de um fiscal da prefeitura. O pai e o avô viveram assim. Estava no sangue e não pretendia mais nada.

 O Soldado Amarelo

É uma descrição dessa personagem. Ele aparece como é socialmente e não como é profissionalmente. A sua força vem da instituição que representa. Mais fraco fisicamente, arbitrário e corrupto, acovarda-se ao encontrar-se à mercê de Fabiano na caatinga. Fabiano vacila na sua intenção de vingança e orienta o soldado perdido. A figura da autoridade constituída é muito forte no inconsciente de Fabiano.

 O Mundo Coberto de Penas

O sertão iria pegar fogo. A seca estava voltando, anunciada pelas aves de arribação. A mulher adverte que as aves bebem a água dos outros animais. Fabiano admira-se da inteligência da mulher e procura matar algumas que servirão de alimento. Faz um apanhado da suas desgraças. O sentimento de culpa por matar a Baleia não o deixa. "Chegou-se á sua casa, com medo, ia escurecendo e àquela hora ele sentia sempre uns vagos tremores. Ultimamente vivia esmorecido, mofino, porque as desgraças eram muitas. Precisava consultar Sinhá Vitória, combinar a viagem, livrar-se das arribações, explicar-se, convencer-se de que não praticara uma injustiça matando a cachorra. Necessário abandonar aqueles lugares amaldiçoados. Sinhá Vitória pensaria como ele."

 Fuga

A esposa junta-se ao marido e sonham juntos. Sinhá Vitória é mais otimista e consegue passar um pouco de paz e esperança. O livro termina com uma mistura de sonho, frustração e descrença. Fabiano mata um bezerro, salga a carne e partem de madrugada. "E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos."

Iracema


A obra conta a história de amor vivida por Martin, um português, e Iracema uma índia tabajara. Eles apaixonaram-se quase que à primeira vista. Devido a diferença etnica, por Iracema ser filha do pajé da tribo e por Irapuã gostar dela, a única solução para ficarem juntos, é a fuga. Ajudados por Poti, Iracema e Martim, fogem do campo dos tabajaras, e passam a morar na tribo de Poti (Pitiguara). Isso faz com que Iracema sofra, mas seu amor por Martim é tão mais forte, que logo ela se acostuma, ou pelo menos, não deixa transparecer. A fuga de Iracema faz com que uma nova batalha seja travada entre os tabjaras e os pituguaras. Pois Arapuã quer se vingar de Martin, que "roubou" Iracema, mas Mertim é amigo de Poti, índio pitiguara, que irá protegê-lo.
Além disso, a tribo tabajara alia-se com os franceses que lutam contra os portugueses, que são aliados dos pitiguaras, pela posse do território brasileiro. Com o passar do tempo, Martim começa a sentir falta das pessoas que deixou em sua pátria, e acaba distanciando-se de Iracema. Esta, por sua vez, já grávida, sofre muito percebendo a tristeza do amado. Sabendo que é o motivo do sofrimento de Martim, ela resolve morrer depois que der à luz ao filho. Sabendo da ausência de Martim, Caubí, irmão de Iracema, vai visitá-la e dia que já a perdoou por ter fugido e dado às costas à sua tribo. Acaba conhecendo o sobrinho, e promete fazer visistas regulares aos dois.
Conta que Araquém, pai de Iracema, está muito velho e mal de saúde, devido à fuga de Iracema. Justo no período que Martim não está na aldeia, Iracema dá luz ao filho, ao qual dá o nome de Moacir. Sofrendo muito, não se alimentando, e por ter dado à luz recentemente, Iracema não suporta mais viver e acaba morrendo logo após entregar o filho à Martim. Iracema é enterrada ao pé de um coqueiro, na borda de um rio, o qual mais tarde seria batizado de Ceará, e que daria também nome à região banhada por este rio. Ao meio desta bela história de amor, estão os conflitos tribais, intensificados pela intervenção dos brancos, peocupados apenas em conquistar mais territórios e dominar os indígenas.

Iracema  (José de Alencar)


Revolução Chinesa

Revolução Chinesa

A revolução chinesa foi uma luta nacionalista, no começo do séc. XX,  a fim de que os chineses comandassem a China sem intervenção de nenhum outro país, tendo uma vitória Socialista.


Como era a China antes da revolução?

No começo do séc. XX, as coisas começaram a mudar. Em 1905 foi fundado o Kuomitang (partido naciolista da época) por Sun Yat-sen. Em 1911, nacionalistas chineses a comando do Kuomitang, chefia­ram uma revolta que derrubou o imperador e proclamou a republica. Ele sonhava com um Estado democrático, que estimulasse a modernização econômica da China.
As coisas não foram como o Sun Yat-sen imaginava. Depois de sua morte (1925), o Kuomintang passou a ser liderado por Chiang Kai-shek. O novo governante chinês aproximou-se dos países ocidentais porque precisava de segurança para garantir seu domínio político sobre toda a China.
Mas Chiang Kai-shek tinha agora um rival a enfrentar, o Partido Comunista da China (PCC). fundado em 1921. O Kuomintang perseguiu os opositores, assassinando milhares de comunistas (Massacre de Xangai, 1927). A fuga dos comunistas foi um verdadeiro escandalo. Na Longa Marcha, liderados por Mao Tsé-tung percorreram mil léguas sob o fogo das tropas do governo chinês. Depois de mais de duzentos combates, enfrentando o deserto, a neve e a floresta, os sobreviventes chegaram ao noroeste da China, praticamen­te inacessível ao inimigo.
A Segunda Guerra Mundial tinha começa­do mais cedo para os chineses. Desde 1937 que o Japão havia lhes declarado guerra to­tal para submeter o país. Para enfrentar o ini­migo. o PCC e o Kuomintang acertaram uma trégua. Mas na verdade os generais do Kuomin­tang, foram dominados pela corrupção, então a liderança da luta patriótica contra os japoneses passou para Mao Tsé-tung e o PCC. Com isso, os comunistas ganharam um enorme prestígio junto à população.
Quando a Segunda Guerra acabou, em 1945, quase ninguém mais acreditava no Kuo­mintang. Os guerrilheiros de Mao Tsé-tung agora formavam um poderoso Exército Ver­melho, com centenas de milhares de campo­neses armados. A Revolução de 1949 abriu caminho para o desfile triunfal dos comunistas em Pequim, e Chiang Kai-Shek fugiu para a ilha de Formosa, que continuou capitalista (e é chamada também de China Nacionalista).

Como foi a Revolução Chinesa?

Na primeira etapa da revolução, chamada de Nova Democracia, as grandes e médias propriedades rurais foram confiscadas pelo Estado e entregues aos camponeses. A refor­ma agrária foi muito importante para dimi­nuir a pobreza no país. Milhões de pessoas que antes viviam entulhadas nas favelas da periferia de Xangai e Pequim ganharam terra para trabalhar. Também foi organizado um gigantesco movimento de educação popular, que alfabetizou dezenas de milhões de adul­tos. As mulheres, que até então eram tratadas como servas domésticas, ganharam igualdade de direitos com os homens. Sem dúvida, era uma nova China que estava nascendo.
Em 1953, todas as empresas, bancos e indústrias passaram para o controle do Estado. A China se tornava um país socialista que se­guia o modelo soviético, com apoio total à industria pesada e à economia dirigida por planos de 50 anos. A URSS ajudava bastan­te, enviando dinheiro, tecnologia, engenhei­ros, médicos, professores e operários especializados.

Como ficou a China depois da Revolução?

De 1958 a 1962, os chineses arriscaram o Grande Salto para a Frente, que era um am­bicioso plano de desenvolvimento econômi­co. Eles chegaram a sonhar em se tornar um país desenvolvido no prazo de apenas 10 anos. Os camponeses se organizaram em grandes cooperativas chamadas comunas rurais. Cada comuna era uma fazenda cole­tiva (onde tudo pertencia a todos, onde traba­lhavam em cooperação) com milhares de fa­mílias camponesas. Essas comunas tinham seus próprios recursos para investir, incluin­do a instalação de pequenas indústrias, es­colas e hospitais. Porém o sonho mostrou-se incompatível com a dura realidade. Não ha­via recursos suficientes para que as comunas rurais pudessem ter todos os serviços que projetavam. Para piorar, aconteceram grandes enchentes, que destruí­ram plantações e provocaram fome. O Gran­de Salto para a Frente tinha fracassado. O re­sultado foi uma terrível epidemia de fome que matou milhares de pessoas.

Maiores personalidades da Revolução Chinesa.
Mao tse-tung, (1893-1976) 

Fundador do Partido Comunista Chinês, do Exército Popular de Libertação e da República Popular da China, nasce numa família de pequenos proprietários de Changcha. É enviado a Pequim para cursar a escola secundária e a universidade e se envolve no movimento democrático de 4 de maio de 1919. Ao voltar a Iennan, organiza círculos de estudo da teoria marxista. Participa do congresso de fundação do Partido Comunista, em 1921, em Xangai, mas é considerado herético por sugerir que a revolução chinesa deve ser camponesa, e não liderada por operários industriais. Passa a advogar construção de bases revolucionárias no campo, contra a opinião da maioria dos dirigentes.

Essas bases acabam sendo decisivas para a sobrevivência das forças comunistas, que se salvam do golpe militar de Chiang Kai-shek em 1927. Mesmo assim, as opiniões estratégicas de Mao continuam em minoria até a derrota do Exército Popular de Libertação frente à quinta ofensiva das forças do Kuomintang, em 1935, que resulta na Longa Marcha. Durante essa retirada de 100 mil homens através de 12 mil km para Iennan, Mao é eleito o principal dirigente do PC e comandante do EPL. Estabelece seu quartel-general na província de Shensi, região que permanece sob o controle do Exército Popular. Em 1939 casa-se com Chiang Ching, uma artista de Xangai, apesar da oposição de outros dirigentes, como Chou Enlai. Durante a Segunda Guerra, faz uma aliança com o Kuomintang para defender o território chinês e amplia as bases sob seu domínio. Em 1948 lança uma ofensiva final sobre o governo e estende o domínio do governo popular socialista sobre toda a China. Acumula os cargos de secretário-geral do PC e presidente da República e dirige as transformações radicais no país. Em 1966 lança a Revolução Cultural e usa o movimento para libertar-se de seus opositores e inimigos dentro do próprio PC. No início dos anos 70, sob influência de Chou Enlai, começa a conter as tendências mais esquerdistas, inclusive as lideradas por sua mulher, Chiang Ching, e promove uma bertura do país ao mundo ocidental. Em 1971 reata relações diplomáticas com os Estados Unidos e ingressa na ONU. As disputas pelo poder acirram-se no país. Com a morte de Chou Enlai no início de 1976, Mao vê crescer o poder de seu vice-primeiro-ministro, Deng Xiaoping, mais tarde seu sucessor.
Chiang Ching (1914-1991), atriz na juventude, é quarta esposa do dirigente comunista chinês Mao Tse-tung, com quem se casa em 1939. Fica mundialmente conhecida a partir de 1965, como a principal dirigente da Revolução Cultural chinesa e uma das organizadoras da Guarda Vermelha, organização paramilitar da juventude maoísta. Com a morte de Mao em 1976, é afastada do poder e presa. É condenada à morte em 1981, durante o processo contra a chamada Gangue dos Quatro - os dirigentes da Revolução Cultural -, acusada de mandar matar milhares de oposicionistas. Em sua defesa, afirma que limitava-se a cumprir ordens de Mao: "Eu era apenas o seu cachorrinho". Sua pena é comutada para prisão perpétua em 1983. Doente a partir de 1988, suicida-se em 1991.
Deng Xiaoping, sucessor de Mao Tse-tung no comando da China. Com 16 anos integra um programa de estudo e trabalho na França, onde adere ao Partido Comunista. De volta ao país passa a organizar forças a favor de Mao Tse-tung. Participa da Longa Marcha com Mao mas depois passa a ser acusado de ser pouco ortodoxo em relação aos princípios maoístas. Em 1966 é demitido do cargo de secretário-geral do partido e submetido à humilhação pública pela Guarda Vermelha. Depois de algumas tentativas frustradas, volta à política depois da prisão da Gangue dos Quatro e da mulher de Mao. Recupera a liderança no final da década de 70 e internacionalmente passa a ser considerado o responsável pela modernização do país. Começa a perder popularidade na década de 80 ao defender posições da ala mais radical do partido. Em 1989 manda reprimir com violência as manifestações pacíficas de estudantes na Praça da Paz Celestial em Pequim.

Revolução Mexicana

A Revolução Mexicana


A Revolução iniciada em 1910 foi um grande movimento popular, anti-latifundiário e anti-imperialista, que foi responsável por importantes transformações no México, apesar da supremacia da burguesia sobre as instituições do Estado.

O PORFIRIATO

O período de 1876 a 1911 caracterizou-se pela ditadura de Porfírio Diaz, responsável pelo desenvolvimento do capitalismo mexicano, apoiado no ingresso de capitais e empresas estrangeiras e em uma política anti popular. O governo de Diaz foi dominado por uma burocracia positivista - os científicos - responsáveis pelo desenvolvimento do capitalismo associado e pela política repressiva às camadas populares. Apoiou-se ainda no exército, que possuía a função de polícia do Estado e na Igreja Católica, que apesar de estar proibida de possuir propriedades que não se destinassem ao culto, possuía grande liberdade de ação.
A principal base de apoio da ditadura foi a camada latifundiária; estes os grandes beneficiários da política do governo, que eliminou o ejido ( terras comunitárias de origem indígena ) possibilitando maior concentração fundiária e a formação de grande contingente de camponeses super explorados.
O último pilar de sustentação do governo foi o capital estrangeiro, que durante a ditadura passou a controlar a exploração mineral, petrolífera, as estradas de ferro, bancos, produção e distribuição de energia elétrica, grande parte das indústrias e do grande comércio.

O INÍCIO DA REVOLUÇÃO

Do ponto de vista institucional, oficial, considera-se a revolução como o movimento que derrubou a ditadura e possibilitou a ascensão de Francisco Madero em junho 1911. Apesar de originário de uma família de latifundiários, Madero passou a liderar a pequena burguesia urbana, nacionalista, que organizou o movimento "Anti Reeleicionista" Perseguido, foi forçado a exilar-se e tornou-se o símbolo da luta contra a ditadura para as camadas urbanas, inclusive o proletariado.
No entanto, o movimento revolucionário possuía outra dimensão: os camponeses do sul, liderados por Emiliano Zapata, invadiam e incendiavam fazendas e refinarias de açúcar, e ao mesmo tempo organizavam um exército popular. Ao norte, o movimento camponês foi liderado por Pancho Villa , também defendendo a reforma agrária.
Os exércitos camponeses ao longo de 1910 e 1911 ampliaram sua atuação, combateram o exército federal e os grandes proprietários, conquistando vilas e cidades em sua marcha em direção à capital.

A REVOLUÇÃO POPULAR

Em novembro de 1911, Zapata define o Plano de Ayala, propondo a derrubada do governo de Madero e um processo de reforma agrária sob controle das comunidades camponesas. O plano defendia a reorganização do ejido, a expropriação de um terço dos latifundiários mediante indenização e nacionalização dos bens dos inimigos da revolução. A existência de um exército popular organizado e armado era visto como uma ameaça pelo novo governo, pela velha elite e pelos EUA. O avanço popular era contínuo, pois apesar das mudanças no governo, as estruturas sócio econômicas permaneciam sem alterações.

A deposição e assassinato de Madero em 1913 e a ascensão do general Vitoriano Huerta, apoiado pelos porfiristas somente fez crescer as lutas camponesas e desencadeou nas cidades um movimento constitucionalista, que levaria ao poder Venustiano Carranza em 1914.

O governo Carranza adotou uma série de medidas para consolidar as estruturas políticas: promoveu intenso combate às forças populares tanto no sul como no norte do país, adotou medidas nacionalistas que levariam a nacionalização do petróleo ao mesmo tempo em que fez concessões às grandes empresas norte americanas e organizou uma Assembléia Constituinte (excluindo a participação camponesa).

Toda essa situação e a nova Constituição de 1917, considerada extremamente progressista, somente foi possível pela grande pressão popular e pelo envolvimento do México e das grandes potências na Primeira Guerra Mundial.
A Constituição de 17, garantia os direitos individuais, o direito à propriedade, leis trabalhistas, reconhecia o ejido e regulava a propriedade do Estado sobre as terras , águas e riquezas do subsolo; e em parte serviu para desmobilizar os camponeses, fato que contribuiu para o assassinato do líder agrarista Zapata.

Revoluções do Século XX


Insurreições derrubaram e instauraram ditaduras:




O século passado é considerado um dos períodos mais revolucionários da história mundial, marcado por transformações sociais, políticas e econômicas profundas. Os motivos para as revoluções foram diversos: da independência de países à derrubada de ditaduras – ou mesmo ao estabelecimento de novas.


1910 - Mexicana
É marcada por uma série de golpes. Francisco Madero, candidato derrotado à presidência, inicia um movimento contra o ditador Porfírio Diaz, deposto em 1911. Em 1913, o general Vitoriano Huerta destitui Madero – e acaba vencido pelos camponeses Emiliano Zapata, Pancho Villa, Venustiano Carranza e Álvaro Obregon. Com a eleição do moderado Avila Camacho, a briga acaba em 1940.
1917 - Russa
Empobrecido, o povo russo se revolta contra o governo e se divide entre mencheviques (liberais), a favor da república democrática, e bolcheviques, os socialistas que queriam um Estado proletário marxista. Em fevereiro, o império dos czares é derrubado e assume um governo liberal. Em outubro, comandados por Lênin, os socialistas dão um golpe. A guerra civil termina após três anos com a criação da União Soviética.
1945 - Chinesa
Desde 1911, o antigo império chinês havia desabado e o partido Kuomintang assumira o poder. O Partido Comunista Chinês, fundado por Mao Tsé-tung em 1921, começa uma disputa pelo poder em 1927, que se acirra em 1945. Mao vence em 1949 e a República Popular da China é proclamada.
1946 - Indonésia
Um ano após declarar independência, em 1945, a Indonésia ainda continuava sob domínio holandês. Surgem os Estados Unidos da Indonésia, mas os nacionalistas rejeitam a condição e os conflitos recomeçam. A questão só seria resolvida em 1949, quando uma conferência em Haia determinou que todas as Índias Orientais Holandesas, menos a Nova Guiné ocidental, formariam a atual Indonésia.
1956 - Húngara
Diante de uma revolta popular, a União Soviética, que ocupava a Hungria, resolve tomar Budapeste. Soldados húngaros entram na briga e os soviéticos se retiram. O primeiro-ministro Imre Nagy se une a não-comunistas, o que leva a um novo ataque soviético. Um governo moderado é instaurado.
1959 - Cubana
Após uma fracassada insurreição em 26 de julho de 1953, Fidel Castro se exila no México e organiza a guerrilha. Com apoio da população, em janeiro de 1959 o governo ditatorial de Fulgêncio Batista é derrubado e Castro se consolida no poder. Os americanos reagem com hostilidade e, em 1961, rompem com Cuba, que estatiza então a economia e adota oficialmente o comunismo.
1974 - Dos Cravos
Militares descontentes com a economia e com o desgaste da guerra colonial derrubam, em 25 de abril, o regime salazarista, em vigor desde 1926 em Portugal. Para festejar o fim da ditadura, a população distribuiu cravos (a flor nacional) aos soldados rebeldes. O general Antônio de Spínola assume.
Janeiro de 1979 - Iraniana
Também conhecida como Rvolução  Xiita, foi uma revolta popular que derrubou a monarquia do xá Mohammed Reza Pahlevi e proclamou a República Islâmica do Irã, liderada pelo aiatolá Khomeini. O conflito, que era contra o programa de modernização de Pahlevi e a favor da república voltada para os costumes locais, enfrentou oposição internacional, como a dos Estados Unidos.
Julho de 1979 - Sandinista
A Frente Sandinista de Libertação Nacional, liderada por Daniel Ortega, derruba a ditadura de Anastacio Somoza, em 1979 – a Nicarágua era dominada pela família Somoza fazia 45 anos. O governo de Ortega só é legitimado pelas urnas nas eleições de 1984. Porém, forças contra-revolucionárias, patrocinadas pelos Estados Unidos, venceram as eleições de 1990, acabando com o domínio sandinista.
1992 - Talibã
A história afegã é repleta de revoluções. Em 1979, guerrilheiros islâmicos derrubam o regime de inspiração soviética. A União Soviética tenta retomar o poder e é derrotada. Em 1992, a guerrilha volta, dividida entre fundamentalistas e moderados. Em 1996, o fundamentalista Talibã vence e declara o Estado Islâmico, que acaba caindo em dezembro de 2001, após a guerra contra os Estados Unidos.