segunda-feira, 30 de maio de 2011

de escrita e vida

Lendo...
Clarice Lispector


A escrita foi o fio condutor da vida de Clarice Lispector, assim como tem sido para muitos de seus leitores. Nessa coletânea de crônicas - segunda de uma coleção que reunirá crônicas de Clarice selecionadas por temas, com o objetivo de apresentar a faceta cronista de umas das maiores escritoras brasileiras às novas gerações -, alguns leitores poderão encontrar as chaves para a compreensão das motivações profundas de sua obra. Outros poderão receber o estímulo que faltava para escrever, aprofundando-se em suas próprias histórias. Organizado pelo editor Pedro Karp Vasquez, o livro faz um revelador auto-retrato daquela que é considerada uma das maiores escritoras do século XX.

declaração de amor

Clarice Lispector

Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la – como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.
Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança da língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.
Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

domingo, 29 de maio de 2011

A descoberta do amor / Por Clarice Lispector.



Estou em uma fase que profundamente apaixonado por contos e crônicas, também namorando uma Professora de Literatura,Gramática e Redação. E mesmo sem gostar da Clarice Lispector estou a descobrir e conhecer seus pensamentos.

Ao mesmo tempo que ousava desvelar as profundezas de sua alma em seus escritos, Clarice Lispector costumava evitar declarações excessivamente íntimas nas entrevistas que concedia, tendo afirmado mais de uma vez que jamais escreveria uma autobiografia. Contudo, nas crônicas que publicou no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, deixou escapar de tempos em tempos confissões que, devidamente pinçadas, permitem compor um auto-retrato bastante acurado, ainda que parcial. Isto porque Clarice por inteiro só os verdadeiramente íntimos conheceram e, ainda assim, com detalhes ciosamente protegidos por zonas de sombra. A verdade é que a escritora, que reconhecia com espanto ser um mistério para si mesma, continuará sendo um mistério para seus admiradores, ainda que os textos confessionais aqui coligidos possibilitem reveladores vislumbres de sua densa personalidade. 



A descoberta do amor
       “[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. [...] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
       Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor. [...] Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é por pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.”

domingo, 22 de maio de 2011

O Solista


Título: O Solista
Autor: Steve Lopez
Editora: Nova Fronteira


Em “O Solista” , Steve Lopez narra a história de quando, como colunista sempre à procura de uma boa matéria, resolveu falar de Nathaniel Ayers – o sem-teto -, no jornal. Quando ele menos esperava, ajuda e ações solidárias apareceram de todos os cantos vindo de pessoas tocadas pela história de Ayers. De uma simples coluna de jornal, isso passou a ser uma jornada para transformar Nathaniel numa pessoa melhor, com moradia e um possível tratamento, e praticamente se tornou um objetivo de vida para Steve. Mas o que até então poderia parecer uma coisa simples, acabou virando em diversos momentos, um fardo para o jornalista, que acabava deixando sua esposa e filha pequena um pouco de lado.



Não acho que seja um livro para qualquer um. É um livro simples, sem fortes emoções, um livro real. Não fala de coisas bonitas nem possui um protagonista apaixonante. O Solista trata daquele lado que a gente muitas vezes prefere não enxergar: a miséria. Mas é uma leitura que mesmo não me deixando 100% satisfeito, fico feliz por ter lido e ter conhecido Nathaniel.

Através da história de vida de Nathaniel Ayers é possível uma luz acender dentro de nossas mentes e percebermos que um dia podemos estar nos braços da vitória, e no dia seguinte, no fundo do poço. Nathaniel era um negro estudando em Juilliard (o que naquela época era quase que inacreditável), dono de um brilhantismo incrível, que tinha tudo para ser um músico de sucesso. No entanto, a pressão dentro da escola, sua intolerância e excentricidade, junto com a esquizofrenia o levaram para fora de Juilliard. Com um temperamento super difícil (durante todo o livro eu me perguntei como Steve aguentou seus altos e baixos) e depois de diversas tentativas de tratamentos, Nathaniel acaba indo morar nas ruas de Los Angeles.
Ayres tinha suas limitações – impostas exclusivamente por ele – como por exemplo, um carrinho de supermercado que ele não larga e não deixa guardado em lugar nenhum. Ele consegue ser um homem culto e educado num minuto, para em seguida se transformar em um louco intolerante e agressivo. Como ajudar uma pessoa que na maior parte do tempo NÃO quer ser ajudada?
A história é tocante, emociona quem se deixa envolver. Mas foi bem difícil terminar a leitura, comecei em janeiro e só terminei agora em Maio, em  pois alguns trechos são bem repetitivos, chatos eu diria, com uma narrativa arrastada. Em vários momentos eu tive vontade de abandonar o livro, imaginando Steve ficaria dando voltas e mais voltas sem chegar a lugar algum. Mas acabei persistindo, dei uma chance ao livro e fiquei satisfeito com o final. Assistir ao  longa também no  qual foi melhor o que o livro.


sábado, 21 de maio de 2011

Pensando e Respirando


Hoje enquanto estava na correria do dia fiquei pensando muito e umas das coisas foi o Respirar...

ESTAMOS ONDE COLOCAMOS NOSSA ENERGIA.
A ESSÊNCIA DA VIDA ESTÁ ONDE E COMO ATRIBUÍMOS NOSSO SENTIMENTO

Respirar e sentir...
Respirar sentindo o pulsar...
Respirando, sentindo e seguindo
Sentido a condução-coração,
Não torna fácil ou difícil.
Há momentos que se olha para trás,
ver-se: todas as partes do trajeto,
partes de si mesmo: no aqui-agora.
Caminho sem volta,
E caminho de volta ao Ser

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Coisas Novas...

Todos os dias eu vejo estrelas agora
mesmo quando não há nenhuma
Todos os dias eu penso em ir embora
mas meu coração não se acostuma
Sem jeito ele prossegue, persiste
Corajoso? Tolo? Inocente?
Acelera, palpita, aquece e emite
o som, a canção permanente
Como o brilho das estrelas numa noite ao luar
enchendo o céu da minha vida de uma brisa doce
Todos os dias, todas as noites me pego a pensar
com a intensidade que esse apaixonar me trouxe.
É intenso o ardor
é forte e guerreiro
É amor, é amor... Ainda não sei
Só pode ser esse braseiro
É brasa, é chama, é fogo
É saudade, é acreditar e dar chance ao amor.

Saudade dói

Ela Morreu... 
Não sei se vou me acostumar, ou sempre me levar a trancos e barrancos nessa falta tão imensa que fica em meus dias sem sua presença.
Não sei se um dia darei meus passos com tanta certeza se importando mais com a água lavando minha alma do que com as roupas molhadas sem o guarda-chuva armado.
Sem armações a gente ia, rindo com nossas brincadeiras com novelos de lã, brincando de esconde-esconde! Pega-pega! trocando passos e olhares, vivendo a vida.
E como a gente vivia! E como a gente sorria e se divertia com o mundo a cair bem de baixo do nosso nariz.
No fundo os dias eram um chafariz a jorrar água de uma fonte inesgotável, esgotando a rotina e matando o tédio, a gente ia dando os passos sem nem perceber o tempo passar.
No fundo, nós encontramos, e não desgrudavamos mais, não há cola tenaz que faça essa mistura, que traga cura pra esse mal tão “bem-me-quer”.
Pra essa tortura constante de uma profundidade irritante, de sermos tão transparentes e amantes da vida.
Instantes inenarráveis, momentos memoráveis, lembranças puras de uma vida recente... Saudade de você Layla!