quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Tigre de Sharpe



 Demorei  para ler comecei na casa de amigos,  mas nessas férias tive coragem e comecei a ler. O livro faz parte da enorme série As Aventuras de Sharpe, que teve seu início em 1981 e já soma 21 livros na Inglaterra. Aqui no Brasil contamos com nove volumes que não acompanham a ordem de publicação original, mas sim a ordem cronológica da História.

Se “O Tigre de Sharpe”  não tivesse o nome do autor na capa, não conseguiria dizer de quem era o livro da mesma forma, a narração de Bernard Cornwell é única. Perfeita.

Nesse primeiro livro da série publicado aqui, conhecemos Richard Sharpe, soldado do 33º Regimento inglês que se acha na Índia a fim de conquistar a cidade de Seringapatan, dominada pelo sultão Tipu. Jovem e desgostoso com a vida no exército, o recruta cogita continuamente em transfugir junto com Mary Bickerstaff, viúva de um sargento que faleceu no acampamento do exército. Sharpe é um soldado apreciável, como dizem seus companheiros, mas sem saber o porquê, inflama o ódio do sargento Hakeswill que constantemente procura  para humilhá-lo.

Após  várias circunstancias  passadas por Sharpe, ele é expedido em uma incumbência  de resgate na cidade de Seringapatan junto com o tenente Lawford, cujo tio, o capitão McCandless, foi detido pelos soldados de Tipu. É a partir desse instante que Sharpe começa a evidenciar  o seu enorme potencial dentro do exército: tomando decisões à frente de seus oficiais e se dando conta de que nasceu para lutar.

Sharpe é uma personagem  misterioso. Ele é benevolente, porém atroz. Romântico e malandro. Misericordioso e maldoso. Eminente e modesto. Cornwell inventou um sublime  anti-herói, atraente  e astucioso, mas que em algumas situações se mostra antipático e grosseiro. Mas, é impossível não gostar do personagem. Ele não é desumano, mas também não é nenhum garoto meloso que sonha com a paz mundial. Ele analisa  seus amigos e inimigos e dá a eles o que é merecido.

Os Combates são bem narrados e o livro transmite o clima rígido de uma guerra. Para quem não gosta desse clima, apenas lamento, porque é disso que o livro trata. Os combates são o centro da narrativa e a condição de Sharpe. O que no começo pareceu ser um romance, cujo final seria Sharpe casado e seguro junto de Mary, apresentou algo totalmente ao contrário. O que impera no enredo é a dignidade de ser um bondoso soldado, defendendo seu país acima de tudo.

Como sempre, no fim do livro, Cornwell explana  os fatos históricos, desassociando a ficção do que efetivamente ocorreu. A maior parte da narração  são  fatos verídicos, com exceção de algumas transições  e, infelizmente, do próprio Sharpe, que nunca existiu. Isso converte a obra não só numa boa distração literária, mas também em uma ferramenta para conhecer muitos  acontecimentos passados.

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