quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O amor do Pequeno Príncipe, cartas a uma desconhecida


Fazendo hora na livraria Cultura, sem intenção alguma de comprar livros, hahaha... ate parece ne! porque estou com dois engatilhados, descobro uma maravilha, para os fãs do Pequeno Príncipe. No caso “eu”
É publicado cartas inéditas de Antoine de Saint-Exupéry, no auge de seus 43 anos, apaixado por uma moça, que não atende aos seus chamados. Para tentar conquistar a moça, Antoine recorre ao nosso amado Principezinho, que assina as doces e melancólicas cartas.

O amor do Pequeno Príncipe, cartas a uma desconhecida é um livro curto, bem mais curto que o livro do Pequeno Príncipe mesmo, mas para quem é apaixonado pelo personagem, como eu, vale a pena vê-lo mais uma vez, em imagens inéditas e em sua confusão psicológica.

Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda e diz: ‘Era só um conto de fadas…’ E a gente sorri de si mesmo. Mas, no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida.”
Nele aparece também a “menininha”, desenho que o autor cria para ser sua amiga, tal como o Principezinho, já que sua amada não demonstra interesse por ele. “Ela nunca está em casa quando lhe telefono […] Estou muito zangado!”

É lindo, porém curto. Fiquei com a sensação de quero mais. Mas ainda sim, por eu ser tão fã dele, gostei e comprei na mesma hora. Muito bom ter um pouquinho mais dele, mesmo que seja só um pouquinho mesmo.



O Pequeno Príncipe



O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, é uma obra aparentemente para criança, mas apenas aparentemente. Para elas, apenas mais uma história fantástica. Na verdade, a obra é um apelo aos adultos, que se entregam às preocupações diárias e passam a ver o mundo e as pessoas à sua volta com frieza e praticidade e não dão valor às coisas que realmente merecem.
O livro é narrado por um piloto de avião que sofre um acidente e caí em pleno deserto e conta a história de um principezinho que veio de um pequeno planeta em busca de respostas e aventuras, fantasias normais de uma criança, que vê as coisas mais simples da vida com pureza e ingenuidade. Cada personagem que nos é apresentado na narração é uma verdadeira metáfora. O pequeno príncipe simboliza o amor e a força inocente da infância que os adultos esqueceram.

A rosa, linda e geniosa, por quem ele se apaixona e toda o sua história é metáfora sobre os relacionamentos homens X mulheres, sobre paixão e amor. Durante sua viagem, antes de chegar ao Planeta Terra, o pequeno príncipe vai conhecendo alguns personagens, como o Rei, que pensa que todos são seus súditos, mas que os controla com extremamente sabedoria - “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar”. O autor faz uma crítica às pessoas vaidosas em excesso, que dependem de elogios dos outros para sua auto-estima. Chama atenção aos vícios, ao deparar o pequeno príncipe com um bêbado, que tenta fugir de sua realidade bebendo, por sentir vergonha dela. O homem de negócios que o principezinho encontra é um chamado para se aproveitar a vida, já que o personagem estava sempre ocupado contando suas riquezas e não pode desfrutar a vida.
Entre outros personagens e metáforas, o que mais gosto é a Raposa. Ela ensina ao nosso príncipe o valor de uma amizade, o valor do tempo que se passa com alguma pessoa e que isso a torna especial, fala da necessidade de se cativar as coisas e que isto significa ter responsabilidades sobre as mesmas - “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.  E dela também a frase mais célebre do livro “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”, chamando atenção novamente à necessidade de se agir mais com o coração do que com a razão, de que o mundo pode ser mais interessante quando damos vazão aos sentimentos esquecidos na infância.
Confesso que sou suspeito para escrever sobre este livro, pois é um dos meus preferidos. Procuro ler em diversas fases de minha vida e sempre consigo tirar algo novo dele. Quem me conhece e que já teve a oportunidade de pegar o livro emprestado comigo, sabe o que estou falando.
É uma leitura fácil, agradável, que não toma mais que uma hora de seu dia. Acho que todos devem ler ao menos uma vez na vida. E o melhor, deixa um final aberto, que, para mim, está dizendo: a partir de agora a escolha é com vocês: seguir nossa vida como se nada tivesse acontecido ou voltar a acreditar nos sonhos, no amor e na esperança, como uma criança é capaz de fazer!
Leiam, sem preconceito. E espero que voltem para me dizer o que acharam!

Ler é...Parte II

"Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não sonhar os meus próprios sonhos?" (Fernando Pessoa)

"A leitura é muito mais do que uma simples relação dos olhos com os livros... A leitura é um espaço, um lugar predileto, uma luz excolhida, um ritual em que importa até a época do ano." (Luis Garcia Montero)

"Às vezes a leitura é um modo engenhoso de evitar o pensamento."
(Arthur Helps)
"A leitura não deve ser mais do que um exercício para nos obrigar a pensar." (Edward Gibbon)

"A leitura, como a comida, não alimenta senão digerida." (Marquês de Maricá)
"Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro." (Henry David Thoreau)
"A leitura não é uma atividade elitizada, mas uma ferramenta de transformação social dos indivíduos." (Julian Correa)
"A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede." (Carlos Drummond de Andrade)
"Amar a leitura é trocar horas de fastio por horas de inefável e deliciosa companhia." (John F. Kennedy)
"Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por idéias."
(Mário Vargas Llosa)

Peçam Razões...

Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago

Férias


O primeiro olhar da janela de manhã
O velho livro de novo encontrado
Rostos animados
Sol, o mudar das estações
O jornal 
O cão, A gata
A dialéctica 
Tomar ducha, nadar 
Velha música 
Sapatos cómodos 
Compreender
Música nova 
Escrever, plantar
Viajar, cantar
Ser amável.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Menina que Roubava Livros


Quando comecei a ler A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak, não fazia idéia sobre o que era a história, mas tinha me encantado com o título do livro e queria ler ainda assim.
À medida que eu ia lendo, ficava tão satisfeito e empolgado com a história, com o tema e com a forma da narrativa que não conseguia desgrudar os olhos do livro. Aonde eu ia, leva o livro comigo e cada tempinho livre eu lia mais um pouco do livro. (Se pudesse, tinha lido sem nenhuma interrupção). A pequena Liesel e sua cativante história emocionam do início ao fim, e mesmo sabendo como termina o livro no meio da leitura, a vontade de continuar lendo só faz aumentar.
A Menina que Roubava Livros é narrado nada mais nada menos que pela própria Morte, que se comove com a personagem e sua trajetória, interage com o leitor, e nos faz ver tudo sobre um ponto de vista diferente. Ela leva a história com palavras doces, brinca com a gente, descreve momentos lindos dentro de situações que poderiam ser bem triste. (Nunca pensei que a Morte pudesse ser tão boa, que tivesse um “coração”. A narradora é a Morte que eu gostaria de encontrar quando chegar o meu dia).


A vida de Liesel nunca fora fácil, e quando chega a “Alemanha nazista” na segunda guerra mundial, precisa separar-se da mãe para poder sobreviver. É a caminho de sua nova família que começa o livro, que começa o drama da nossa garotinha. Seu irmão morre no trem e ela presencia tudo. A imagem dele na neve e a lembrança do enterro são pesadelos que vão a acordar por muito tempo. É o primeiro encontro dela com a Morte.
No enterro, ela rouba um livro que o rapaz que enterrara seu irmão deixa cair na neve: O Manual do Coveiro. Era o primeiro de seus roubos. Ela não sabia ler, mas não se desgrudava do livro, porque ele era o marco de sua vida, da transformação. Perdera o irmão e fora separada da mãe no dia em que roubou seu primeiro livro.  Seu primeiro ano na Rua Himmel não foi nada fácil. Rosa e Hans Hubermann, seus pais adotivos, têm a difícil missão de incluir a menina na sociedade.
Rosa era uma dona de casa rabugenta, mas possuía um coração incrível. Hans, pintor desempregado e acordeonista, logo conquistou o carinho e a confiança de Liesel e nas noites que ela acordava assustada, era ele quem a ensinava a ler.  Durante os anos em que viveu na rua Himmel, Liesel foi aprendendo a importância das palavras e o gosto de roubar livros, que foram um guia e uma fuga para a dura realidade que estava vivendo. Na maioria de seus roubos, está acompanhada  por Rudy Steiner, seu vizinho, melhor amigo e quase namorado. Os dois passam juntos por muitos problemas e muitas aventuras.
No aniversário do Fuher Hiltler, a garota rouba um livro que está sendo queimado na fogueira de objetos dos judeus; e, a partir daí, entra em sua vida mais um personagem importante, a esposa do prefeito, para quem ela e a mãe lavavam as roupas. Num misto de amizade e cumplicidade, Liesel passa a frequentar sua casa para ler os livros na Biblioteca.
Entra também na história um outro personagem muito importante: Max Vanderburg. Um judeu, filho de um ex-companheiro de Hans na primeira guerra e para qual fez a promessa de ajudar um dia.  Max passa a viver no porão da casa e aos poucos cria laços muito fortes de amizades com Liesel. Era um grande amigo que ela jamais poderia falar a respeito com mais ninguém.  A guerra e os problemas que ela traz tornam o romance o mais humano possível, nos mostrando uma visão do que era ser judeu (ou amigo dos judeus) durante a Segunda Guerra e todo o drama e dificuldade que eles passaram. Para Liesel, essa descoberta foi muito difícil e ela passa a ter de conviver com esse segredo e com essa nova vida. É nas palavras que Liesel encontrou forças para seguir em frente, palavras que hora ela ama e hora ela odeia, mas que as usa com grande sabedoria ao escrever seu próprio livro.
Foram as palavras que a salvaram de toda forma possível nos encontros com a Morte. E entre encontros e desencontros, esse livro acaba caindo na mão dela e é a própria Morte, que comovida com sua história, resolve contar-nos sua vida. A Morte que foi testemunha de sua dor, nos descreve com muita poesia todos os dias em que Liesel viveu na rua Himmel. 
A história da roubadora de livros vale a pena, eu garanto. Entrou para a lista de meus livros preferidos, bem no topo. Terminei de ler no mês de Outubro  e já sinto saudades de nossa protagonista. Leiam, vocês vão curti. Não é atoa que está na lista dos mais vendidos por um ano.

Certeza



De tudo, ficaram três coisas:


A certeza de que estamos sempre começando. 
A certeza de que precisamos continuar.

A certeza de que seremos
interrompidos antes de terminar.

Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo. 

Da queda um passo de dança.
Do medo, uma escada.

Do sonho, uma ponte.
Da procura, um encontro. 


(Fernando Pessoa) 


Quando fugimos do que é nosso, passamos a acreditar em ilusão; a vivê-la como se a verdade fosse aquilo que criamos, e não aquilo que é. Então surge uma disfunção orgânica; parece que o coração bate num ritmo que não é o nosso, parece que o ar que respiramos não é feito de oxigênio e sim de um gás outro que limita a nossa inspiração. Surge um peso no ombro. Porque a vida que estamos vivendo não é a nossa. E só é leve a vida que devemos viver; mesmo que seja difícil. A gente só encara com vitalidade a vida que nos pertence. O resto é teatro; é burocracia. É ralear o sangue e mudar de cor. É não entender o sentido das coisas.

Lutar

Observamos  todos os dias um drama humano ao nosso redor. Além das dificuldades do dia-a-dia no trabalho, na família e na sociedade em geral, temos a nossa própria luta interior, dia após dia. Mas pelo que lutamos? E como lutar?
Certamente essas são perguntas que, freqüentemente nos fazemos todos os dias. Claro que alguns parecem ter encontrado a própria resposta (e se conformou com ela) ao afirmarem que lutam pela Felicidade, lutam pela sua Família, lutam pelo seu Trabalho ou lutam por uma Causa Ambiental ou Social. (Escrevi em maiúsculo propositadamente porque essas lutas não são qualquer luta. São as lutas de vocês. Portanto, as mais importantes).
Mas tenho que admitir que, com tantas possibilidades de lutas, milhares de pessoas reclamam diariamente de algum aspecto da própria existência. Senão no todo, em algumas partes. E o pior, reclamam e não fazem nada para mudar, pois é sempre mais simples e cômodo permanecer aonde se está.
Cabe aqui um alerta importante: Seja qual forem as dificuldades, sem LUTA não há nada para se comemorar. Portanto eu afirmo e reafirmo categoricamente: ATAQUE sempre. Percebeu que está desanimando, faça alguma atividade para mudar esse pensamento. Percebeu que os relacionamentos não andam bem, converse abertamente. Mas converse. Não empurre para baixo do tapete. Alguma coisa lhe incomoda no trabalho, tente esclarecer e saber o que está acontecendo e aonde você pode contribuir.
Perceba que para absolutamente todas as lutas que se tem no dia-a-dia, não podemos nos sentar e simplesmente chorar. É necessário Lutar imediatamente o problema antes que ele ganhe força e vire um “monstro” e acabe conosco.
Portanto, lembre-se disso: LUTE sempre. Pense nisso!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Saber

"Sou um eterno aprendiz que no traçado da história tenta entender quem sou. Sou apenas um caminhante a procura de mim mesmo." - escreveu Augusto Cury em O Vendedor de Sonhos. 

Muitas pessoas julgam-se donos da saber só porque têm um curso ou alguma cultura que se destaca da mediania. No meio académico e intelectual existe muita gente desse tipo. São pessoas geralmente vaidosas e muitas vezes arrogantes. A humildade é um atributo que não possuem. E o poder que julgam ter, não têm. Apenas estão iludidos com uma visão de si mesmos que está para lá da realidade concreta e da sua imensa ignorância.
Todos somos desconhecedores de muita coisa. Não há nenhum ser humano que seja capaz de ter acesso a toda a informação e conhecimentos que existe disponível no planeta. Querer arvorar-se em sabichão é o mesmo que estar em bicos de pés para parecer mais alto do que realmente se é. Considerar-se um simples aprendiz é uma atitude mais sensata e inteligente.

Assim eu vejo a vida.

Assim eu vejo a vida

 

Cora Coralina


 A vida tem duas faces:
positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado.
Saber viver é a grande sabedoria.
Que eu possa dignificar
minha condição de mulher,
aceitar suas limitações,
e me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes,
aceitei contradições,
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo.
Aprendi a viver

A Máquina do tempo.



Se a máquina do tempo nos tritura, ao mesmo tempo cria imagens novas. Renascemos em cada criatura que nos traz do infinito as boas novas.


Carlos Drummond de Andrade

domingo, 26 de dezembro de 2010

Amanhã


Amanhã é outro dia
virá branco como este chegou
e, de certo, não sei
onde vou ver o entardecer.

porque amanhã é outro dia
e a luz da alba
iluminará jornais que escrevem
o que nunca foi escrito.

enquanto amanhã for outro dia
há sempre a esperança de um afago
de um cimento que cole a jarra 
partida e dispersa pela mesa e pelo chão

é certo que é outro dia, amanhã.
E que é possível que o musgo
suba à altura dos castanheiros,
que a curva da face fique seca
e só os olhos brilhem ao sol.

Aprender


Aprender

Aprender é compreender
Aprender é prender
Aprender dos outros e com os outros
Isto é: Compreender 
ou compreender.
Aprender é compreender.

Sem nada mais...


"E hoje eu sei que a verdade
é só aquilo que parece certo.
E eu também não saberia definir "certo".
E se não existe milagre
existe uma outra coisa,
que eu não sei por quê,
mas nos trás de volta à vida.
E isso eu vou sempre guardar comigo.
Se nada mais der certo."

Ler é...

"A leitura, após certa idade, distrai excessivamente o espírito humano de suas reflexões criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos, adquire a preguiça de pensar." (Albert Einstein)
"Quem não lê não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo."
(Paulo Francis)
"A leitura é a viagem de quem não pode pegar um trem." (Francis de Croisset)
"A leitura deve ser para o espírito como o alimento para o corpo, moderada, sã e de boa digestão." (Marquês de Maricá)

"A leitura é uma conversação com os homens mais ilustres dos séculos passados." (René Descartes)
"Em muitas ocasiões a leitura de um livro fez a fortuna de um homem, decidindo o curso de sua vida." (Ralph Waldo Emerson)
"Uma boa leitura dispensa com vantagem a companhia de pessoas frívolas." (Marquês de Maricá)
"A leitura faz ao homem completo; a conversa, ágil, e o escrever, preciso." (Francis Bacon)
A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo."(Joseph Addison)
ler é tudo de bom...
ler é viajar...



Memórias


Muito do nosso aprendizado se dá no dia-a-dia... nas coisas que observamos... nos movimentos externos e internos e, se estamos dispostos a crescer, o nosso dia nos traz todo material que precisamos para isso... em sincronicidades... em sentimentos... encontros inesperados e em muitas outras maneiras que o Universo tem para nos facilitar nesse caminho do autoconhecimento.

Grande parte desse aprendizado gira em torno do desapego a coisas que enchem nossos armários, internos e externos... Nos armários externos guardamos coisas e coisas... e mais coisas... dentro de nós guardamos memórias... que geram muitas coisas...
Um grande banco de memórias que, da maior parte, nem temos consciência, mas que ocupam espaços e ditam nossa reação à vida dia após dias.

Guardamos tantas coisas... dentro e fora, porque não confiamos no presente...

Claro que nos nossos armários externos buscamos guardar coisas que "acreditamos" ser boas e úteis... mas essa boa intenção nos faz acumular muitas coisas...
Mesmo que não tenham utilidade hoje, com certeza terão alguma serventia no futuro... pensamos... Ou então, são tão bonitas que não conseguimos nos desfazer delas... Outras ainda nos lembram situações ou pessoas... enfim guardamos muitas coisas por apego ao que passou ou apego ao futuro onde poderão ser úteis... Mas, quantas dessas coisas que guardamos são realmente úteis no nosso presente e quanta coisa está só ocupando espaço...

Nas memórias, então... guardamos experiências boas para tentar repetir no futuro... experiências ruins para tentar evitar no futuro... guardamos o passado para servir de modelo, e o que acontece é que, esses modelos velhos e ultrapassados continuam determinando a nossa reação ao presente... continuam nos impedindo de viver o "aqui e agora" em sintonia com a nossa Alma...

Limpar as memórias... e arrumar armários pode ser um grande exercício de desapego... e é incrível que quando limpamos dentro, fica muito mais fácil nos desapegar de muitas coisas que estavam só ocupando espaço nas nossas vidas....

Guardamos coisas para o futuro porque não confiamos no presente... não confiamos que tudo que precisamos nos chega, sem esforço quando estamos no "aqui e agora"
Esquecemos que não precisamos acumular coisas... nem memórias... para garantir o futuro, porque nossas necessidades futuras não serão preenchidas pelo passado.

O apego ao passado... ao conhecido... não nos deixa receber o fluxo abundante, de todas as coisas boas, que estão sempre disponível no eterno "presente" . Coisas que podem ser muito diferentes daquelas que guardamos... e que estamos apegados a elas... mas com certeza é o que precisamos a cada momento...

Se estamos apegados ao passado, seja em objetos ou em soluções nunca saberemos que existem coisas que podem nos surprender por serem perfeitas ao nosso momento.

Às vezes, coisas simples... onde buscávamos o complicado, é que vão nos fazer felizes...
Outras vezes do inesperado é que chegam as soluções que nos surpreendem pelos caminhos que percorreram para chegar até nós... Caminhos que se tentássemos criar com nosso conhecimento acumulado e guardado... jamais conseguiríamos.

Mas a vida está batendo à nossa porta, pronta para entrar... a cada dia... e sempre é hora de limpar os armários... e as memórias, e abrir a porta para o fluxo abundante da felicidade... que é nosso direito divino...

Pensando demais...

Hoje quando voltava da Festa do Rodrigo  pensando em muitas coisas...
(...)
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és...
E lembra-te: tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.

by Fernando pessoa

#Reflita


Um mestre sufi contava sempre uma parábola no final de cada aula, mas os alunos nem sempre entendiam o seu sentido...
-Mestre - perguntou um deles, certo dia-, tu contas-nos contos mas nunca nos explicas o que significam...
-As minhas desculpas- disse o mestre. -Como compensação, deixe- me que te ofereça um belo pêssego.
-Obrigado, mestre -disse o discípulo, comovido.
-Mas ainda: como prova do meu afecto, queria descascar- te o pêssego.
Permites que faça?
-Sim muito obrigado - disse o discípulo.
- E já agora que tenho a faca na mão, não gostarias que eu cortasse o pêssego em pedaços, para que te seja mais fácil comê-lo?
-Sim, mas não quero abusar da tua generosidade, mestre...
-Não é um abuso; sou eu que me estou a oferecer. Quero apenas agradar- te. Permite-me também que mastigue o pêssego antes de to oferecer...
-Não mestre! Não gostaria que fizesses isso!
-Queixou-se o discípulo, surpreendido. 
O mestre fez uma pausa e disse:
-Se vos explicasse o sentido de cada conto, seria como dar-vos a comer fruta mastigada.