Esses primeiros dias de férias tive o prazer e a tristeza de assistir a fala de despedida do Congresso, da Senadora do PV-AC Marina Silva. Em seu pronunciamento final, que durou mais de 2 horas e meia, Marina fez um balanço de toda sua passagem pela casa, que durou 16 anos, e pelo Ministério do Meio Ambiente, posto que a foi delegado com a ascenção de Lula à presidência.
A menina, Marina Mulher, que foi tão guerreira ao derrotar à duras penas as cinco malárias que a apunhalaram. Que ainda quando tão nova viu partir três de seus irmãos e sua mãe, vítimas da infra-estrutura precária do Seringal Bagaço, nos confins da miséria acreana. Marina das batalhas contra as hepatites, a contaminação por mercúrio e a leishmaniose, que a deixaram com uma aparência tão franzina, mas com uma ideologia moral tão soberana e colossal.
Desde a luta pela sobrevivência, onde durante muitas horas do dia, junto de seu pai, caminhava dezenas e dezenas de quilômetros, todos os dias, floresta a dentro, subtraindo o látex, e nos poucos momentos livres que dispunha, por falta de condições, vivenciava sua ludicidade com os únicos "brinquedos" que possuia: uma boneca de pano, a natureza e os animais.
Quis o destino que a menina que sonhava em ser freira e que até os 16 anos era analfabeta, rumasse, com sua trouxinha de roupa dentro de um saco de arroz, do Breu Velho para a 'cidade grande', onde além da ajuda médica poderia se dar ao prazer de se tornar agente de sua própria história, promovendo uma virada em sua vida que não poderia ser imaginada nem mesmo nos seus mais belos sonhos.
Marina é de fato a personificação do milagre da educação, pois do Mobral à conclusão do curso de História na Universidade Federal do Acre, se transcorreram apenas 10 anos. Onde Marina foi de empregada doméstica a professora do ensino secundário e historiadora, e já à época com dois filhos de seu primeiro casamento decide por engajar-se no movimento sindical.
Da militância social e política ao lado de Chico Mendes, surgiu a Marina visionária, que defendendo suas crenças e convicções, elegeu-se vereadora e senadora, passando também pela assembléia legislativa do Acre e pelo Ministério do Meio Ambiente.
Do alto de seus 51 anos e insatisfeita com os caminhos nada recomendáveis que o PT cada vez mais insiste em seguir, Marina abandona o partido, em 2009, após quase 24 anos de militância, e filia-se ao PV, lançando em seguida sua pré-candidatura à presidência da República.
Com uma campanha pobre de recursos, mas coerente e 'limpa', defendendo a integração do desenvolvimento sustentável, social e econômico, a verde emerge de maneira impressionante e se mostra para todo o país, fazendo com que a disputa que até então imaginava-se que seria polarizada entre PSDB e PT, ficasse muito mais atrativa, trazendo para o embate temas que de fato são de interesse dos brasileiros e de relevante importância para todo o país.
Os quase 20 milhões de votos recebidos por Marina, sinalizaram o nascimento de uma terceira via necessária e a resposta do povo ante à velha política, anacrônica, corrompida e desmoralizada.
A Marina da Mata, a filha acolhida pela Floresta, Top Model dos Bichos, outrora seringueira, sublime, solene e singela e a índia fiel à sua terra, nos fazem chegar ao fim do ano de 2010, com uma tristeza por sua baixa no Congresso, mas ao mesmo tempo com uma felicidade esperançosa, pois apresentou e acima de tudo nos presenteou, com o que não se via na política do alto escalão há décadas, um "dedinho de prosa" de coerência ética e complacência moral.
Subseqüentemente, transcrevo as últimas palavras ditas por Marina na tribuna, nesse poema por ela criado.
(Podem haver erros, pois foi anotado ao assistir!)
Meus Melhores Presentes
Quando me senti perdida em minha própria casa,
em meus armários de ambições, nas gavetas de meus medos,
você era a mulher dirigente, que mesmo sabendo ser uma simples moeda,
por quem poucos dariam alguma coisa em troca,
a fazer de tudo para me encontrar.
Quando gastei dissolutamente tudo o que de ti por antecipação herdei
saúde, esperança e crença,
riquezas que de tantas nem eu mesma sei,
você era o pai amoroso ansiando por meu retorno,
disposto a me abraçar.
Quando fui ferida pelas garras da incompreensão
por mostrar quem sou e não o que de mim se quer,
em meus sonhos de menina, meus desejos de mulher,
você era o bom pastor, disposto a por mim correr risco,
trazer-me de volta ao aprisco e minhas chagas sarar.
Quando já ida em idade, sonhando pela metade,
sonhos que na mocidade brotavam em forma de jogo,
você era o Deus feito homem que me veio visitar,
chamando-me a nascer de novo,
pra novamente sonhar.
Menino doce menino,
nascido por mim em carne, tua origem é o espírito
me estenda a tua mão, inclina à mim teu ouvido,
sustenta o meu coração, ouça do céu o meu grito
se dou carne faça que de novo eu nasça de ti, em espírito.
Maria Os Marina Silva Vaz de Lima.
A menina, Marina Mulher, que foi tão guerreira ao derrotar à duras penas as cinco malárias que a apunhalaram. Que ainda quando tão nova viu partir três de seus irmãos e sua mãe, vítimas da infra-estrutura precária do Seringal Bagaço, nos confins da miséria acreana. Marina das batalhas contra as hepatites, a contaminação por mercúrio e a leishmaniose, que a deixaram com uma aparência tão franzina, mas com uma ideologia moral tão soberana e colossal.
Desde a luta pela sobrevivência, onde durante muitas horas do dia, junto de seu pai, caminhava dezenas e dezenas de quilômetros, todos os dias, floresta a dentro, subtraindo o látex, e nos poucos momentos livres que dispunha, por falta de condições, vivenciava sua ludicidade com os únicos "brinquedos" que possuia: uma boneca de pano, a natureza e os animais.
Quis o destino que a menina que sonhava em ser freira e que até os 16 anos era analfabeta, rumasse, com sua trouxinha de roupa dentro de um saco de arroz, do Breu Velho para a 'cidade grande', onde além da ajuda médica poderia se dar ao prazer de se tornar agente de sua própria história, promovendo uma virada em sua vida que não poderia ser imaginada nem mesmo nos seus mais belos sonhos.
Marina é de fato a personificação do milagre da educação, pois do Mobral à conclusão do curso de História na Universidade Federal do Acre, se transcorreram apenas 10 anos. Onde Marina foi de empregada doméstica a professora do ensino secundário e historiadora, e já à época com dois filhos de seu primeiro casamento decide por engajar-se no movimento sindical.
Da militância social e política ao lado de Chico Mendes, surgiu a Marina visionária, que defendendo suas crenças e convicções, elegeu-se vereadora e senadora, passando também pela assembléia legislativa do Acre e pelo Ministério do Meio Ambiente.
Do alto de seus 51 anos e insatisfeita com os caminhos nada recomendáveis que o PT cada vez mais insiste em seguir, Marina abandona o partido, em 2009, após quase 24 anos de militância, e filia-se ao PV, lançando em seguida sua pré-candidatura à presidência da República.
Com uma campanha pobre de recursos, mas coerente e 'limpa', defendendo a integração do desenvolvimento sustentável, social e econômico, a verde emerge de maneira impressionante e se mostra para todo o país, fazendo com que a disputa que até então imaginava-se que seria polarizada entre PSDB e PT, ficasse muito mais atrativa, trazendo para o embate temas que de fato são de interesse dos brasileiros e de relevante importância para todo o país.
Os quase 20 milhões de votos recebidos por Marina, sinalizaram o nascimento de uma terceira via necessária e a resposta do povo ante à velha política, anacrônica, corrompida e desmoralizada.
A Marina da Mata, a filha acolhida pela Floresta, Top Model dos Bichos, outrora seringueira, sublime, solene e singela e a índia fiel à sua terra, nos fazem chegar ao fim do ano de 2010, com uma tristeza por sua baixa no Congresso, mas ao mesmo tempo com uma felicidade esperançosa, pois apresentou e acima de tudo nos presenteou, com o que não se via na política do alto escalão há décadas, um "dedinho de prosa" de coerência ética e complacência moral.
Subseqüentemente, transcrevo as últimas palavras ditas por Marina na tribuna, nesse poema por ela criado.
(Podem haver erros, pois foi anotado ao assistir!)
Meus Melhores Presentes
Quando me senti perdida em minha própria casa,
em meus armários de ambições, nas gavetas de meus medos,
você era a mulher dirigente, que mesmo sabendo ser uma simples moeda,
por quem poucos dariam alguma coisa em troca,
a fazer de tudo para me encontrar.
Quando gastei dissolutamente tudo o que de ti por antecipação herdei
saúde, esperança e crença,
riquezas que de tantas nem eu mesma sei,
você era o pai amoroso ansiando por meu retorno,
disposto a me abraçar.
Quando fui ferida pelas garras da incompreensão
por mostrar quem sou e não o que de mim se quer,
em meus sonhos de menina, meus desejos de mulher,
você era o bom pastor, disposto a por mim correr risco,
trazer-me de volta ao aprisco e minhas chagas sarar.
Quando já ida em idade, sonhando pela metade,
sonhos que na mocidade brotavam em forma de jogo,
você era o Deus feito homem que me veio visitar,
chamando-me a nascer de novo,
pra novamente sonhar.
Menino doce menino,
nascido por mim em carne, tua origem é o espírito
me estenda a tua mão, inclina à mim teu ouvido,
sustenta o meu coração, ouça do céu o meu grito
se dou carne faça que de novo eu nasça de ti, em espírito.
Maria Os Marina Silva Vaz de Lima.
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