A palavra personalidade vem do grego persona, que significa máscara. Muitos podem pensar, "não há máscaras para pôr e nem máscaras para tirar'', porém enganam-se. Na vida real, fora do universo dos rituais, bem longe dos bailes de carnaval, dos palcos do teatro, também nos mascaramos.
Carl Gustav Jung (psicólogo), costumava classificar o progresso individual em quatro etapas: a primeira era a Persona - máscara que usamos todos os dias, fingindo quem somos. Acreditamos que o mundo depende de nós, que somos ótimos pais e nossos filhos não nos compreendem, que os patrões são injustos, que o sonho do ser humano é não trabalhar nunca e passar a vida inteira viajando. Algumas pessoas procuram entender o que está errado, e terminam encontrando a Sombra”.
A Sombra é o nosso lado negro, que dita como devemos agir e nos comportar. Quando tentamos nos livrar da Persona, acendemos uma luz dentro de nós, e vemos as teias de aranha, a covardia, a mesquinhez. A Sombra está ali para impedir nosso progresso - e geralmente consegue, voltamos correndo para ser quem éramos antes de duvidar. Entretanto, alguns sobrevivem a este embate com suas teias de aranha, dizendo: “sim, tenho uma série de defeitos, mas sou digno, e quero ir adiante”.
Neste momento, a Sombra desaparece, e entramos em contato com a Alma.
Por Alma, Jung não está definindo nada religioso; fala de uma volta à Alma do Mundo, fonte do conhecimento. Os instintos começam a se tornar mais aguçados, as emoções são radicais, os sinais da vida são mais importantes que a lógica, a percepção da realidade já não é tão rígida. Começamos a lidar com coisas com as quais não estamos acostumados, passamos a reagir de maneira inesperada para nós mesmos.
E descobrimos que, se conseguimos canalizar todo este jorro de energia contínua, vamos organizá-lo em um centro muito sólido, que Jung chama de o Velho Sábio para os homens, ou a Grande Mãe para as mulheres.
Permitir esta manifestação é algo perigoso. Geralmente, quem chega ali tem a tendência a considerar-se santo, domador de espíritos, profeta.
Não apenas as pessoas, mas as sociedades também usam estas quatro máscaras. A civilização ocidental tem uma Persona, ideias que nos guiam e que parecem verdades absolutas.
Mas as coisas mudam. Em sua tentativa de adaptar-se às mudanças, vemos as grandes manifestações de massa, onde a energia coletiva pode ser manipulada tanto para o bem como para o mal (Sombra). De repente, por alguma razão, a Persona ou a Sombra já não satisfazem - é chegado o momento de um salto, novos valores começam a surgir (mergulho na Alma).
Vou usar a palavra máscara, não no sentido pejorativo e sim no sentido habitual de todos nós....fora de mim aquelas frases populares "as máscaras sempre caem'', "lobo em pele de cordeiro'', refiro-me as máscaras que apenas encobre a verdade, como uma forma de privacidade, não me refiro à mentira, falsidade, refiro-me aquelas máscaras que todos nós temos, e isso é inegável, uns mais...outros menos, que são as máscaras que disfarçam nossas dores, medos, angústias, algum sentimento de inadequação perante o grupo, e que vão sendo descobertas à medida que a confiança no outro vai se fortalecendo.
Cada papel diz respeito a uma máscara usada para encenar o teatro da vida. Temos que ser de um jeito para com nosso chefe, colegas de trabalho, filhos, marido, esposa, vizinhos, padeiro, amigos etc. É claro que temos personalidade. Não obstante, cada máscara possui uma limitação de se agir, moldando-nos a uma forma de ser. Ocorrem conflitos por causa do desacordo entre tipo de temperamento introvertido ou extrovertido, experiências acumuladas, conceitos formados e padrões de comportamento sugeridos pela sociedade. Nas relações conjugais, por exemplo, o psicólogo Carl Rogers (1902-1987) concluiu que numerosos problemas desenvolvem-se na medida em que tentamos satisfazer as expectativas do outro...nos anulando, e que não devemos nos afeiçoar pelos desejos, regras e papéis que os outros insistem em impor-nos.
Muita gente usa, simbolicamente, máscaras. Seja para enfrentar os problemas diários, para disfarçar uma íntima dor ou para poder expor tudo o que deseja sem que saibam quem realmente é. Cada um sabe quando e como usar a sua máscara. É válido desde que não seja usada para o mal, para denegrir ou magoar o outro.
A nossa máscara trata-se de uma necessidade de proteção, privacidade ou talvez da tentativa de ver, reconhecer, ouvir sem ser reconhecido. O mundo é capitalista, competitivo. Devemos nos mostrar fortes, inteligentes, bonitos e bem sucedidos. Se expressarmos nossos sentimentos abertamente nos fragilizamos.
Assim como nos bailes de carnaval, cedo ou tarde, nossas verdades serão reveladas.
Como já dizia Nietzsche "torna-te quem tu és."
É normal querer agradar aos outros. O problema só acontece quando agradar aos outros implica sacrificar os nossos sentimentos mais profundos. Pense nisso...Olhar para si é um desafio.
Belo artigo!!Parabéns.
ResponderExcluirPerfeito esse artigo, muito bem direcionado.
ResponderExcluirPerfeito esse artigo, muito bem direcionado.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente artigo!
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