quinta-feira, 26 de abril de 2012

pina



Posso afirma que não conhecia muito do trabalho da amada coreógrafa alemã Pina Bausch, cujo trabalho é diferente de tudo que já havia visto. Já tinha ouvido falar dela mas quando assistir  ao longa PINA fiquei encantado pois seu trabalho incorpora de maneira brilhante terra, água, rochas e as ruas da cidade, tudo com música e movimentos brilhantes. Wim Wenders, diretor do filme, parece ser um dos grandes apreciadores de Pina, que descobriu que tinha cancêr e morreu pouco antes do início das filmagens.
Talvez o ideal fosse que a voz dela permeasse o documentário, mas ao invés disso parece cercar o vazio que ficou com sua ausência. Da sua presença, ficou apenas algumas filmagens antigas. Para manter essa presença mais forte, ficam as memórias dos dançarinos que trabalhavam com ela. São esses comentários que nos fazem perceber a extensão da “adoração” por essa mulher. Sempre que se ouve sobre ela, as vozes parecem vir em forma de reverência. Até mesmo podemos sentir que ela morreu pouco antes pelo lamento e dor com que falam.
Claro que não os vemos realmente falar. Wenders se utiliza de uma tática muito mais sutil. Ele dá closes nos rostos dos bailarinos enquanto ouvimos suas vozes, em alemão, inglês, francês e até mesmo em português, dependendo da nacionalidade do entrevistado. Como se fossem um pensamento talvez. E cada um deles reage de forma diferente, uns olham para a câmera, outros parecem procurar um ponto distante.
Difícil e descrever as danças que vemos nas telas. Posso descrever o que vi, mas não consigo explicar o que senti. São quatro coreografias diferentes que se intercalam durante o filme. Nenhuma parece ir do início ao fim. Uma delas, a que achei a mais envolvente, "Cafe Mueller", foi usada por Almodovar no filme Fale com ela.
O interressante que a câmera esta sempre posicionada entre os dançarinos de forma a inserir o público dentro de tudo que está acontecendo no palco. Para maximizar o efeito, algumas vezes ele até mesmo coloca a câmera fazendo o ponto de vista de um deles.  Simplesmente fantástico!
O efeito é muito interessante, mas me levanta uma questão: será que Pina aprovaria esse tipo de filmagem? Quando alguém cria uma coreografia, o faz pensando em um único ponto de vista: o da audiência. O que acharia da imersão da platéia, coisa que não deve ter pensado enquanto criava sua arte? Infelizmente não saberemos.
O que nos resta agora é observar a homenagem. Todos os dançarinos dançaram todas as coreografias inúmeras vezes. A diferença é que todas as vezes foram junto com Pina, pela primeira vez eles tem que dançar por conta própria. Uma bela homenagem. O longa esta mais que recomendado!

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