Posso afirma que não conhecia muito do trabalho da amada
coreógrafa alemã Pina Bausch, cujo trabalho é diferente de tudo que já havia
visto. Já tinha ouvido falar dela mas quando assistir ao longa PINA fiquei encantado pois seu
trabalho incorpora de maneira brilhante terra, água, rochas e as ruas da
cidade, tudo com música e movimentos brilhantes. Wim Wenders, diretor do filme,
parece ser um dos grandes apreciadores de Pina, que descobriu que tinha cancêr
e morreu pouco antes do início das filmagens.
Talvez o ideal fosse que a voz dela permeasse o
documentário, mas ao invés disso parece cercar o vazio que ficou com sua
ausência. Da sua presença, ficou apenas algumas filmagens antigas. Para manter
essa presença mais forte, ficam as memórias dos dançarinos que trabalhavam com
ela. São esses comentários que nos fazem perceber a extensão da “adoração” por
essa mulher. Sempre que se ouve sobre ela, as vozes parecem vir em forma de
reverência. Até mesmo podemos sentir que ela morreu pouco antes pelo lamento e
dor com que falam.
Claro que não os vemos realmente falar. Wenders se
utiliza de uma tática muito mais sutil. Ele dá closes nos rostos dos bailarinos
enquanto ouvimos suas vozes, em alemão, inglês, francês e até mesmo em
português, dependendo da nacionalidade do entrevistado. Como se fossem um
pensamento talvez. E cada um deles reage de forma diferente, uns olham para a
câmera, outros parecem procurar um ponto distante.
Difícil e descrever as danças que vemos nas telas. Posso
descrever o que vi, mas não consigo explicar o que senti. São quatro
coreografias diferentes que se intercalam durante o filme. Nenhuma parece ir do
início ao fim. Uma delas, a que achei a mais envolvente, "Cafe
Mueller", foi usada por Almodovar no filme Fale com ela.
O interressante que a câmera esta sempre posicionada
entre os dançarinos de forma a inserir o público dentro de tudo que está
acontecendo no palco. Para maximizar o efeito, algumas vezes ele até mesmo
coloca a câmera fazendo o ponto de vista de um deles. Simplesmente fantástico!
O efeito é muito interessante, mas me levanta uma
questão: será que Pina aprovaria esse tipo de filmagem? Quando alguém cria uma
coreografia, o faz pensando em um único ponto de vista: o da audiência. O que
acharia da imersão da platéia, coisa que não deve ter pensado enquanto criava
sua arte? Infelizmente não saberemos.
O que nos resta agora é observar a homenagem. Todos os
dançarinos dançaram todas as coreografias inúmeras vezes. A diferença é que
todas as vezes foram junto com Pina, pela primeira vez eles tem que dançar por
conta própria. Uma bela homenagem. O longa esta mais que recomendado!
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