Aquilo que é distante é sempre mais necessário que o que
está a nosso alcance. Especialmente as
pessoas. Seus defeitos se escondem em névoas, os bons momentos compartilhados
parecem mais doces que quando degustados. A ausência usa uma paleta colorida
para restaurar uma obra gasta e muito pouco prima, para pendurá-la numa parede
recém pintada. Dentre os ângulos, lembramos apenas dos que são dignos de
habitar o Olimpo das reminiscências.
Ao nosso lado, o outro se mostra no seu estado bruto,
cheio de aparas, arestas, sobras e faltas. Sem desafios, não nos provoca mais a
velha obsessão da criança em desespero pelo presente que ainda não ganhou. A
única coisa que realmente interessa nas pessoas é o que adornamos nelas com
nossa imaginação ou é imaturidade não contentar-se com o real, mesmo que aguado?
Pois que o tempo nos ensine a amá-las,
porque essa alternância de Gata Borralheira presente e Cinderela distante é
frustrante demais.
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