domingo, 7 de agosto de 2011

Boa Ventura!



“A cobiça que forjou um país, sustentou Portugal e inflamou o mundo”.

"Boa ventura! – A corrida do ouro no Brasil" do autor Lucas Figueiredo.

Tudo começa quando o rei de Portugal, Luís I, em 1876 está fazendo uma vistoria, das poucas riquezas que ainda lhe restam para escolher algumas para vender e pagar as dívidas do reino. Em meio a jóias, relógios, pedras preciosas e peças de ouro, ele se depara com uma pepita de ouro 20 quilos extraída na época da corrida do ouro no Brasil.

A partir disso começa a história desde antes do descobrimento do Brasil até a independência. O autor escreve de uma maneira que em nenhum momento fica monótona, esqueça as aulas traumatizantes de história que você teve na escola, aqui a leitura é interessante e de quebra você aprende muitas coisas.

Portugal era um reino falido. Quando o Brasil foi descoberto só servia para extrair pau-brasil e como parada para quem ia as Índias, porque nem Cabral e nem outras expedições posteriores encontraram o tão sonhado ouro. Enquanto isso a Espanha fazia o maior sucesso conquistando muito ouro dos Astecas e dos Incas.

E começam a surgir as lendas do “Sabarabuçu” que é um lugar com montanhas e rios de ouro, escondido no sertão do Brasil, a parte até então não colonizada, já que os povoados eram quase todos no litoral, exceto o pequeno vilarejo de São Paulo, que ficava serra acima.

A cada nova expedição em busca do ouro o fiquei  na expectativa, tanto quanto o Rei, pensando que dessa vez dará certo. Mas muitos foram os fracassos até conseguir o tão sonhado ouro da América Portuguesa.



Muito se fala da importância dos paulista, que ficaram conhecidos na história como “bandeirantes” – sem idealizar e nem isentar sua violência contra os índios – na colonização do interior do Brasil. Conhecemos personagens como Fernão Dias e Borba Gato.

“Os paulistas eram tudo isso e muito mais: homens de negócios, nômades, guerreiros violentos. Dos índios que caçavam e matavam e com quem também se uniam com laços de sangue, herdaram o amor a liberdade, o domínio da natureza e as técnicas de guerrilha. Dos antigos conquistadores portugueses, legaram o gosto pela aventura levada com destemor e uma grande dose de imprudência.”

Foram 200 anos de expedições atrás do ouro. Até que um dos governadores, da parte Sul do Brasil, criou uma teoria que os paulistas podiam estar “escondendo o ouro” que se o Rei lhes desse garantias e incentivos, finalmente as descobertas aconteceriam. Não se sabe ao certo se era isso que acontecia, mas após essas medidas a corrida do ouro deu inicio e foram descobertas as primeiras jazidas, num lugar que era conhecido como “Minas de Ouro de São Paulo” e hoje é o estado de “Minas Gerais”.

O ouro trouxe muitos forasteiros atrás do dinheiro fácil (metade da população de Portugal, moradores de outras regiões do Brasil e estrangeiros), e eles entraram em conflitos com os paulistas, que se sentiam donos do ouro, por serem os primeiros a descobrirem as jazidas. Tudo isso gerou a “Guerra dos Emboabas” (nome pejorativo que os paulistas davam aos forasteiros). Depois disso o ouro começou a aparecer por todos os lados: na Bahia, no Mato Grosso, em Goiás.

Portugal tinha tudo para ser o país mais rico do mundo se fosse pelos seus Reis fúteis que não paravam de gastar o ouro brasileiro para alimentar seu luxo, enquanto o país continuava na miséria. Foram incontáveis as obras grandiosas, doações a Igreja, os gastos com jóias, com presentes, tudo para tentar mostrar uma riqueza superficial ao resto do mundo.

“A idéia de que não bastava possuir uma fortuna, era preciso exibi-la, tinha um mentor: d. João V. Filho, neto e bisneto de reis que deviam na praça, d. João V era obcecado em provar, a todo o instante e em todos os lugares, que sua condição era diferente.”

Eu contei apenas 10% de toda essa história, muito rica em detalhes, o livro mostra muito mais, com uma escrita encantadora. Como termina essa história? Leia o livro e descubra!

O livro conta também com anexos, que contém mapas, informações complementares, ilustrações. A única coisa que não gostei é que as notas, ao invés de serem no rodapé são no final de cada capítulo, o que faz que muitas vezes esqueçamos aquilo que queríamos conferir o detalhe. Mas após a leitura de alguns capítulos entendi que essa medida foi necessária, pois há partes que tem 80 dessas referencias.

E como Professor de História eu recomendo, pois é  fascinante conhecer a origem de nosso país! Esqueça seus traumas com as aulas de história, aqui é tudo bem diferente, não da sono, é algo que da prazer em ler, descobrir, conhecer.

Um comentário:

  1. Apesar de gostar muito das aulas tradicionais de história, eu acho que novas maneiras, algumas vezes, são bem-vindas. O problema, é a bendita 'falta de tempo', que abate sobre muitos alunos. Quando estava no ensino médio (ligado ao técnico) era um inferno. Você não tem vida. Alguns professores acham que só existe a matéria dele e que f##a-se o resto. O dever do aluno é "fazer o que eu mando". Felizmente, nem todos são assim. Deveríamos mergulhar na história nacional, ao invés de estudarmos com tanta ênfase os acontecimentos "grandiosos" - como a 1ª e 2ª Guerra Mundial, que desde a oitava série, eu detesto devido à obsessão de uma professora, que nem de história era.

    Os bandeirantes, pra mim, eram os fundadores da Rádio e Televisão Bandeirantes Ltda. (ou, simplesmente "Band") - risos -, brincadeira. Mas, eu nunca tive nenhuma visão (e conhecimento) sobre a importância desses para a história do estado. Só fui ter alguma noção quando o meu então professor de história, Geraldo, disse sobre as barbarias que ocorriam. As estátuas e monumentos de "lembrança" (e quase "louvação") a essas pessoas só demonstra a ignorância do povo brasileiro.

    Olha o primeiro trecho destacado em seu texto: Nós somos assim hoje em dia. O paulista é um homem de negócios - vivemos em função de acordos -, somos nômades - hora estamos em um lugar, outrora em outro -, guerreiros violentos - já dizia o mestre Geraldo: "No capitalismo, entre mim e a minha avó, ela que se ferre". Até a burrice portuguesa nós herdamos! Extraídos e exploramos as pessoas, até ela não poder mais gerar nada. Somos sanguessugas. Pense bem, verá que é verossímil o que eu falo, apesar de parecer confuso.
    Bom, mas, não era sobre isso que vim falar aqui! O jornal “O Estado de S. Paulo”, criou um blog onde ele resgata seus arquivos. Eu achei incrível e muito boa a ideia do jornal. Dá uma olhada se interessar: http://blogs.estadao.com.br/arquivo/

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