quarta-feira, 7 de setembro de 2011

1822

Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram  D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado", do jornalista Laurentino Gomes.


Nada mais apropriado como dia de hoje para falar sobre Independência. Demorei pra ler mas foi uma leitura fantástica. 

Assim como o ano de 1822 representou, para alguns, um divisor de águas para os destinos do Brasil, para outros, até hoje, é sinal de desimportância  - já que mesmo "independente" de Portugal, o Brasil continuava governado por um soberano português e, mais do que isso, atrelava-se, com volúpia ainda maior, à dependência econômica da Inglaterra. É portanto, tema capaz de despertar polêmica não somente entre pesquisadores que, dependendo da linha política, ganha tons nebulosos.

O autor é o mesmo de outra publicação voltada para a História do Brasil. "1808" já tinha sido estrondoso sucesso e agora, ao repetir a dose acerca de uma data tão significativa para nossa história, Laurentino Gomes reforça sua intenção de contar a história de forma sutil, fácil e dinâmica aos olhos do leitor. O mais interessante é que no meio historiografico, a discussão gira mais em torno da publicação da obra, em si, do que propriamente no conteúdo explorado pelo autor. Se "1808" já havia despertado reações de rejeição pelo fato da obra trazer a história contada de forma não usual àquela que é contada na Academia. Gomes vem sendo fortemente criticado por historiadores, que vêem seus livros como uma mera reportagem jornalística, e não uma pesquisa histórica de fato. Não é justo, já que ele se baseia em uma farta biografia (citada do livro), além de viajar aos lugares onde se passaram os grandes acontecimentos.  "1822"  reforça a tese de que, para grande parte dos historiadores, resume-se a uma literatura factual, rasa e superficial à história clássica, que se aprofunda e desperta questionamentos e novas pesquisas na sociedade.

O livro, 1822, nos conta os fatos ocorridos na época da Independência do Brasil, onde e apresentado os personagens chave, as maquinações por trás da Independência, os reais motivos do Brasil se tornar independente, como isso afetou tanto o Brasil quanto Portugal, quais eram as maiores influências na época. a Independência do Brasil se deu, principalmente, devido à revolta de D. Pedro I com Portugal,  que insistia que mandava aqui mais do que D. Pedro  o então príncipe regente decide, baseado em conselhos de sua esposa, a princesa Leopoldina e de José Bonifácio, que está na hora de  tomar serias decisões. Mandar portugueses de volta pra terrinha e começar algo novo aqui no Brasil. Só que pra D. Pedro, tem uma imagem de Independência meio confusa. Logo após a proclamação começam as guerras, tanto físicas (Batalha do Jenipapo, Confederação do Equador, entre outras, quanto ideológicas (república ou monarquia? abolimos ou mantemos a escravidão?) e, é nesse cenário cheio de dúvidas que o gigante Brasil começa a ser formado.

O subtítulo do livro nos cita também três personagens indispensáveis para quem quer entender o Brasil independente: a princesa triste, Dona Leopoldina; o homem sábio: José Bonifácio; e o escocês louco por dinheiro, Lord Thomas Cochrane. Os três são extensivamente descritos, assim como suas ações e ideais. De todos o que mais gostei foi Bonifácio.  Mas tem umas histórias de família na questão então minha opinião é tendenciosa. De qualquer maneira, 1822 é um livro indispensável para quem quer entender a complexa identidade do povo brasileiro: desde as comemorações do povo baiano em  02 de julho até a revolta dos maranhenses com Cochrane.  Só o grito foi dado em São Paulo. Foi no nordeste a verdadeira guerra pela independência, foi lá que o Brasil conquistou de verdade seu direito de ser independente. Isso é algo a se pensar para nos Paulistanos. 

O mais interessante na obra de Laurentino Gomes é a capacidade do autor em levar o leitor de volta à época a qual ele retrata. Assim como alguns autores fazem em belos romances, Laurentino traz uma narrativa detalhada que torna o leitor capaz de se imaginar no período abordado, como se acompanhasse as cenas de perto. É como uma viagem no tempo. Uma Leitura mas que agradável eu recomendo. 

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