Quando eu era mais novo, muito mais novo que nos dias de hoje, achava que conseguiria viver uma vida inteira sem pedir nada a ninguém, achava que a vida seria toda minha para eu conquistar, sozinho e por mim mesmo, deixando os outros de fora do meu círculo de vitórias e derrotas. Pior, achava, imerso na minha inocência tola, que conseguiria tudo que queria, que não seria fácil, mas seria meu, que havia só de esperar pela hora certa e meus desejos se realizariam. Então bastaria ir lá e tomar posse do que me pertencia por direito. Bobo que fui. Tolo que não sou mais. Esses dias, em que do alto do meu pedantismo, acreditava no sucesso individual absoluto, passaram. Se foram e hoje me vejo em outro momento, outra história. Minha segurança tão inabalável ruiu em partes essenciais. Suas bases firmes não eram mais tão firmes. Passei por épocas ruins, muito ruins mesmo. E quem não passou? Reconstruí minhas crenças e meus princípios em cima dos escombros das coisas em que acreditava antigamente. Refiz caminhos que antes eu achava estarem superados, passados e atravessados. Revi coisas que não queria, que entendia por bem enterradas e superadas. Descobri novas formas de encarar o mundo, talvez não tão dominadoras, talvez não tão certas de sucesso e de eu podia tudo. Parei de me achar acima dos demais, parei de me ter como exemplos para os outros. Aprendi humildade. Aprendi insegurança. Aprendi dentro de mim, guardada no fundo, onde nem eu mais sei se consigo alcançar. Escondi do mundo minha arrogância e guardei onde ninguém pode chegar. Pelo menos não com facilidade. Mas está lá. Esperando que eu baixe minhas guardas e meus freios. Vou viver a vida inteira assim, manipulando meus sentimentos, fazendo malabarismo para conseguir ser uma pessoa melhor. E depois de tudo isso, melhorei.
Pelo menos, hoje sei pedir ajuda. Como todo mundo.
Pelo menos, hoje sei pedir ajuda. Como todo mundo.
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