segunda-feira, 30 de julho de 2012

106º Aniversário do grande poeta Mário Quintana



Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprendem a ler e não leem, Mario Quintana



Mário de Miranda Quintana nasceu na cidade gaúcha de Alegrete, em 1906, onde viveu até 1919, quando se mudou para Porto Alegre. Em 1929, ingressou na redação de O Estado do Rio Grande. Em 1934, a Editora Globo publicou sua tradução de Palavras e Sangue, de Giovanni Papini, a primeira de muitas que faria depois (verteria para o português, entre outros, obras de Marcel Proust e Virginia Woolf). Em 1940, saiu seu primeiro livro publicado, os sonetos de A Rua dos Cataventos. Em 1943, iniciou a publicação do Caderno H, que reunia poemas e trechos em prosa poética, na Revista Província de São Pedro. Em 1950, publicou O Aprendiz de Feiticeiro e, no ano seguinte, Espelho Mágico.

Aos 60 anos, lançou Antologia Poética, que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia de Melhor Livro do Ano. Em 1986, o poeta recebu uma consagração raramente vista na vida literária brasileira, com lançamento da coletânea Oitenta Anos de Poesia e abertura de exposição sobre sua vida, entre outras homenagens. Morreu em 1994, aos 87 anos.

Poeta do cotidiano, das coisas simples, da natureza, do humor tranquilo, do mistério da existência, da aceitação estóica da vida e da morte, Mário Quintana, que costuma ser ligado à Geração de 45 (que revelou também João Cabral de Melo Neto), sofreu e ainda sofre de uma dupla apreciação: aquela feita pelos que o consideram um dos mais elaborados artífices da poesia brasileira e a dos que, sem desmerecer seus achados técnicos, consideram-no passadista e pouco inovador.

A questão também está relacionada a duas atitudes do poeta. Uma foi sua recusa por aderir às modas. Quando todos praticavam o verso livre, ele se voltou para as formas tradicionais, como o soneto; quando o gosto preconizava os padrões clássicos, ele preferiu privilegiar os poemas breves, à Oswald de Andrade, e a prosa poética. Outra característica sua geradora de debates é a propalada simplicidade, que muitos têm na conta de simplicismo. Esse preconceito foi mudando com os anos, conforme explica Tania Franco Carvalhal, especialista na obra do poeta gaúcho, "[o leitor] aprendeu a descobrir que a aparente facilidade de sua poesia é resultante de um complexo trabalho de linguagem, de uma depuração lenta que nada deve ao espontâneo. Na verdade, trata-se de uma rara identificação entre cantar e viver, que lhe permite o trânsito fácil entre fantasia e realidade, entre expressão de lirismo e densidade dramática".

É o que comprova sua Nova Antologia Poética, lançada em 1981, incluindo 40 poemas novos à antologia anterior (sem o "nova"), coligida pelo poeta em 1966, com o auxílio dos colegas Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. A nova coletânea contempla toda a evolução artística do poeta. Independentemente da forma de expressão escolhida (poema em prosa, composições breves, soneto), percebe-se um poeta sempre fiel a si mesmo; seja no seu amor à terra ("Na mais profunda treva eu sonharei contigo / minha terra em flor"), seja no acolhimento da morte ("Morrer é simplesmente esquecer as palavras"), seja nos acordes autobiográficos ("O outono toca realejo / no pátio de minha vida"). 

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