terça-feira, 5 de outubro de 2010

Postura



Enquanto todo mundo/Espera a cura do mal /
E a loucura finge
Que isso tudo é normal Eu finjo ter paciência..." 
(Lenine)

Quando ouço a palavra ruptura me vem sempre a idéia de algo ruim, que se finda, que deixa tristeza. Talvez porque eu pense que laços, sejam quais forem, devem ser duradouros, felizes, capazes de resistir ao tempo. Seria isso o certo? Mas o que é certo e errado afinal? Em nome da educação e para sermos pessoas agradáveis, muitas vezes, ouvimos o que não gostamos de ouvir, ficamos quietos para não brigarmos. Aceitamos palpites, ouvimos julgamentos, relevamos críticas e calamos para não ferir sentimentos. Enfim, existem inúmeras situações em que preferimos nos calar para que nossas palavras de insatisfação não deixem a situação pior do que já se apresenta. Mas por que agimos assim? Por que imaginamos que calar é melhor? Como pode ser melhor se não aceitei, se não gostei, se não quero ouvir o que me desagrada e me entristece? Em nome da educação, muitas vezes deixamos que nossa vontade contrariada fique lá guardada em algum canto, dentro de nós, até o ponto de não mais aguentarmos. E num momento de pressão, em que não mais conseguimos pensar direito, falamos tudo aquilo que vínhamos guardando por dias, meses ou anos até. Feito uma bomba a estourar. Aí, é tarde demais. Conversando com um amigo sobre o assunto, disse-me ele que não adianta sermos essa pessoa boa e educada e aceitar tudo em detrimento de nossas reais vontades. Se não há como resolver dialogando e nem há como fazer o outro entender e respeitar o que se é, as rupturas são necessárias, pois a convivência deixa de ser sadia para ambos e o próprio relacionamento. Romper com determinadas situações não é fim, pode ser um começo, uma mudança que implica em atitudes novas e um novo modo de ver a vida e a si mesmo. Mudar posturas e até velhos pensamentos é um crescimento, é aprendizado e, acima de tudo, é respeitar a si mesmo na busca pela satisfação dos próprios desejos e, consequentemente, na busca pela felicidade.

Um comentário:

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