Minha alma sabia que a ordem morava no meio do caos e ela estava disposta a suportar o horrendo do caos pela beleza inaudível que existia no meio dele."
(Rubem Alves)
Hoje ao ler uma postagem em um Blog escutei Chopin é como eu amo Chopin desde de quando era estudante de Piano, é interpretado por Nelson freire assim foi explendido, me venho então a memória de um artigo que li de Rubem Alves, publicado há algum tempo na Folha de São Paulo, em que ele descreve seu gosto pela música, desde o tempo de seminarista, tempo este em que, segundo conta, preferia a música às rezas. Se Deus existe, a beleza é seu jeito de se comunicar com os mortais. E não é certo isso? O que me deixou bastante interessado foi a descrição que fez de uma noite de mau tempo passada no seminário e a dificuldade que teve de ouvir música no seu radinho, pois ela se misturava aos ruídos e à estática e essa mistura de sons, para ele, era um caos sem sentido. No entanto mesmo diante de toda a estática que tomava conta da transmissão, pôde ouvir sua música favorita. Era Chopin. Sua alma, no meio daquele ruído caótico e sem sentido, sabia distinguir bem a beleza dos sons que o comoviam. Conta ele que, então lhe veio a ideia em forma de pergunta: a vida toda não será assim, uma luta contra o caos sem sentido em busca de uma beleza escondida? E foi exatamente neste ponto que seu artigo me chamou tanto a atenção. Percebi que numa simples indagação ele resume o que é a vida afinal... Vivemos em um mundo caótico, vivemos nosso próprio caos, e entre todo o caos da vida, para que suportemos aquilo que, para nós, não faz sentido é preciso algo que nos comova, que nos inebrie e que nos faça sonhar - o belo. Realmente, Deus, seja qual for a concepção que cada um de nós tenha dele, manifesta-se através da beleza das coisas, dos seres, da natureza e em nossas próprias possiblidades. E se, em momentos de caos e falta de sentido, não formos em busca dessa música que nos felicite, nunca compreenderemos que existem caminhos dentro do escuro em que muitas vezes nos vemos perdidos. Não há quem não se comova com um lindo dia, um pôr de sol, o mar, uma criança, uma árvore florida e tudo mais que possa trazer em sua essência a beleza da vida que nos toca, como a beleza da música que toca a alma do escritor. Por mais caótico esteja nosso mundo, se abrirmos bem a janela e soubermos bem olhar, veremos alguma beleza escondida nisso que chamamos vida. E isso, com certeza, nos fará algum sentido.
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