No dia 11 de setembro completou 9 anos da queda das Torres Gêmeas do Worl Trade Center em Nova Iorque. Mas qual dos 11 de setembro? Em 11 de setembro já houve na mesma data no ano de 1973 o golpe da CIA no presidente Salvador Allende; já houve no continente africano em 1977 o assassinato de Steve Biko, militante contra o apartheid; em 1988 no Haiti um ataque sobre uma missa de Jean-Bertrand Aristide; e além de outros: o ataque às torres gêmeas em Nova York. Fatos esses muito bem lembrados por Amy Goodman para o Democracy Now.
Essa data deveria trazer reflexão a todos, pois de cada acontecimento desses podemos tirar lições proveitosas para a evolução da humanidade. Mas nem todos os aniversários trazem no seu seio o germe do pensamento crítico. Muitos são realizados para reafirmar uma posição de dominação, seja ela política, cultural, social ou econômica.
Antes de ir da aula hoje assisti uma vídeo no youtube sobre um pastor que está ameaçando queimar o Alcorão caso seja construída uma Mesquita próxima ao local onde existia antes o World Trade Center. Obviamente milhares de muçulmanos se manifestaram pelo mundo todo. Mas pergunto: e se os muçulmanos impedissem construções católicas ou protestantes em regiões árabes como represália a expulsão dos mouros da Europa? Todos julgam a Jihad, mas ninguém critica as cruzadas, que lamentavelmente virou tema exótico em livros didáticos de História. No qual eu ensino para meus alunos, claro que com um olhar critico.
Acontece que faz parte do Islamismo permitir que outras religiões se manifestem com seus templos em regiões muçulmanas. É por isso que Judeus se refugiaram junto aos mouros quando da expulsão da Europa. Mas pelo jeito, esse aniversário do 11 de setembro quer reafirmar que a recíproca não é verdadeira. Se o 11 de setembro do ano que vem do outro e do outro ano: virar a data “oficial” da queimação do Alcorão, poderemos ter uma verdadeira guerra declarada. E gostaria de dizer que não serão os muçulmanos culpados por isso, pois a idéia do tal pastor estadunidense é incabível para quem deseja a paz, tanto no Oriente Médio, quanto no resto do mundo.
Esse problema se soma a inúmeros outros preconceitos com relação ao Islamismo. A dita religião do “terror” é certamente a mais pacífica de todas. Não sou muçulmano, e tão pouco aprovo o atentado de 11 de setembro. Aliás, a grande maioria dos muçulmanos não aprovou o ato. E os que aprovaram, são em sua grande parte os mesmos que sofreram o ataque dos tacões da bota do imperialismo em suas terras, como na Palestina, Iraque, Líbano, etc.
Aniversários são sempre assim. O Muro de Berlim caiu, e todos os anos muitos comemoram o fim do “comunismo”, mas ninguém fala do Muro na Palestina que visa expulsar cada vez mais os muçulmanos de sua terra natal. Em todos os dias 11 de setembro provavelmente será lembrado como a data em que “o terror” recaiu sobre os EUA. Eu por outro lado, prefiro comemorar este lamentavelmente incidente defendendo o mundo árabe, em nome da paz. Como escreveu Goodman “Para cada vítima dos EUA e da OTAN, há, literalmente, centenas de vítimas no Iraque e Afeganistão, das quais as fotos nunca vão mostrar, e os nomes nunca vamos conhecer”.
Fica a reflexão!!!
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