quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O fim da Memória


Hoje li uma entrevista do professor e teólogo croata Miroslav Volf, escritor do livro O Fim da Memória em que fala das memórias, das emoções e do perdão. Diz ele que somos o que somos porque temos memória, assim, tudo o que vivenciamos e memorizamos formam nosso "eu". Gostei muito da forma como aborda os traumas resultantes dos conflitos por nós vividos, pois são marcados por emoções que os legitimam e fazem com que essas lembranças estejam sempre vivas em nossas mentes, fazendo-nos sofrer durante grande parte da vida. Sabemos que guardamos ressentimentos, rancor de males que nos fizeram, guardamos dores e sofremos. E não as esquecemos, pois, para isso, deveríamos perdoar pelo mal sofrido, esquecê-los. Para o teólogo, enfrentar esses traumas, tentar perdoar, esquecer seria o caminho para dissipar a energia emocional aí contida. Porém, "perdoamos parte do que aconteceu, mas não o todo; perdoamos, e então retiramos nosso perdão em momentos de ira, e assim por diante. O perdoar é sempre um processo, e frequentemente um processo marcado por reveses inesperados". Portanto, vemos que em nossas vidas, muito do que guardamos precisa de esquecimento, o que não é fácil, mas não impossível. Deve ser um processo em várias etapas, lento, mas constante. Para o teólogo, as terapias tratam somente o indivíduo, são válidas, mas os nossos relacionamentos também precisam de conserto. Assim, buscar nosso autoconhecimento e tentar resolver com o outro as dores que nossos problemas nos causam pode nos levar ao entendimento, ao esquecimento, ao perdão. Enfim, enfrentar os traumas, que são carregados de emoções, é importante para que possamos dissipar de nossa mente as lembranças que nos fazem mal. Tentar é o caminho que pode nos levar a uma felicidade ainda não experimentada: aquela que nos liberta do que guardamos em nossa memória e que, por vezes, até desconhecemos.

Um comentário:

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