“Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Não sou poeta. Não sou cronista. Estou sempre à mercê de um lirismo momentâneo que me provoque a coragem de sentar aqui e escrever alguma coisa. Não que eu não tenha inspirações. Sim, eu as tenho. Não que eu não pense que isso deveria ser dito, ou que aquilo deveria ser “publicado”. Muito pelo contrário. Praticamente todos os dias eu tenho um pensamento chave para uma discussão, para a reflexão sobre suas causas e implicações. Mas eu respeito muito qualquer pessoa que me leia ou me escute. E me recuso apresentar algo que eu não acredite que valha a pena ser dito. Moro no silêncio. As palavras também habitam o silêncio antes de serem ditas. (Posso pegá-las e elas fazem um barulho oco quando caem). E eu também as respeito. Já foi explicado que o trabalho com as palavras é uma luta - vã, diria o poeta. Mas é uma luta que alguns nascem predestinados à loucura que é encará-las. Eu, como não sou escritor de ofício, sou apenas um Profº de História e Filosofia não consigo escrever todos os dias, faltam-me forças e coragem.
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