quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tropa de Elite



No filme “Tropa de elite 2”, seu diretor, José Padilha, se redime dos “pecados ideológicos” despretensiosamente cometidos no primeiro. Enquanto este demonstra forte intenção maniqueísta e tendência manipuladora, jogando “mocinhos” contra “bandidos” numa caricatura de “bang-bang” ao melhor estilo, Tropa de Elite 2, desde o início da trama, transpira maturidade política, conhecimento de causa cinematográfica e uma aproximação fiel à realidade existente nas favelas da cidade do Rio de Janeiro e, por extensão do sistema, do Brasil inteiro.
Em Tropa de Elite 2, o panóptico computadorizado faz a vigilância carcerária de Bangu I com a suposição inicial de que ele serve para “adestrar as pessoas, por meio da docilização dos corpos que estão submetidos a penas judiciais, a fim de que elas cumpram todos os seus deveres perante a lei”. (MICHEL FOUCAULT) Contudo, de uma forma velada, no filme, o panóptico serve mais do que para vigiar os presidiários, ou seja, serve para puni-los, serve para deixar acontecer ao sabor da observação dos vigilantes um prejuízo traiçoeiro e irreparável aos direitos humanos dos detentos e abalar a confiança nessa instituição
O diretor conseguiu abordar essas e outras questões com a notoriedade de um cientista político, uma vez que focalizou a lógica do sistema e a exibiu com propriedade, considerando tanto o lado podre deste quanto o que nos está disponível através das fendas que o próprio sistema produz, a fim de que tomemos partido delas em favor dos excluídos.

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