quinta-feira, 11 de novembro de 2010
"Mito da Caverna"
Analisar o “Mito da Caverna” é sempre desafiador, pois força-nos a uma hermenêutica onde a matéria prima está entre a sensibilidade e o imaginário. Até mesmo o autor do Mito, o intelectual Platão, mergulhou neste dilema tentando racionalizar essa incrível viagem surreal de Sócrates, mas como racionalizar ou sistematizar o inatingível abstrato? Todo aquele que ousou e ousar, terá grande possibilidade de errar, mas todo erro aponta para um novo caminho onde possivelmente encontraremos o acerto. Nesta busca incansável pela verdade, alvo do “Mito”, muitos intelectuais contribuíram e contribui com seus erros e acertos, encaixando algumas peças deste intrigante quebra-cabeça.
Um dos mais apaixonados pelo Mito foi o filósofo alemão Martin Heidegger, que produziu um ensaio com o título “A doutrina de Platão sobre a verdade”, onde acredita que o Mito pode conceituar a verdade. Afirma que a filosofia é a educação e caminho para esta verdade. Heidegger nos faz acreditar que o Mito da Caverna nos diz que olhar para a direção certa, exata e rigorosa é a chave para se obter a verdadeira Verdade.
Neste mundo analítico encontramos entre muitos, o nosso homem da caverna Piteco, personagem das histórias em quadrinhos criado pelo desenhista Maurício de Souza, que nos faz uma revelação surpreendente, alertando-nos para o fato de que ainda estamos numa caverna. Em uma viagem no tempo através das tirinhas, o personagem encontra os mesmos homens plantados em frente à televisão, vivendo uma realidade muito semelhante, mas não é a deles. Ainda estamos acorrentados por campanhas previamente coordenadas para manter-nos cada vez mais alienados da realidade existente.
Michelangelo depois de terminar sua estátua Moisés, bateu com o martelo na obra e gritou: Porque não falas? (Perché non parli), pois acreditava que a missão do escultor era libertar as formas existentes que estavam dentro da pedra, apropriando-nos disso, Para comparar vamos análisar o “Mito da Caverna”.
Cremos que desde a criação do mundo, ou seja, algum tempo antes de Sócrates e Platão, o mundo já era o que é hoje, e o mundo de hoje é muito mais do que vemos, pois seus elementos naturais e tecnológicos já estão dentro da Pedra, apenas esperando os escultores. Assim como Sócrates, Platão, Heidegger, Piteco, Mauricio, e outros, nós também vemos apenas sombras do porvir. Nosso ambiente é uma enorme Caverna, delimitada por contextos e temporalidades e estas sombras que evidenciamos, são apenas reflexos de uma realidade longínqua, mas que também pode estar bem perto, pois a luz da razão que as faz refletir, hoje está mais forte do que nos tempos de Sócrates, mas quem poderá mensurar sua intensidade?
Não é fácil deixar a caverna! Muitos creditam isto à comodidade, mas não é apenas isto que nos detém na Caverna, existem muitos obstáculos à frente, que nem sequer conhecemos ,pois temos que nos livrar primeiro das correntes. Estas correntes, não são fáceis de serem quebradas, pois seus elos foram forjados no fogo do preconceito, alimentado pela queima do senso comum, que chega até nós, por ambíguos lenhadores, que apesar da simplicidade aparente, estão extremamente comprometidos com aqueles nos observam do topo da Caverna.
Apesar de tudo, você pode enfrentar as correntes, os obstáculos, as luzes e finalmente se libertar. Aconselhamos aos que conseguirem realizar este feito, para não cometer o mesmo erro de outros. Como todos sabem, todos aqueles que voltaram para avisar sobre sua descoberta, pagaram um preço. Sócrates pagou com a vida, Heidegger sabe-se lá! Podemos imaginar que não foi fácil em uma sociedade manipulada por poucos, afirmar que a verdade está no nosso olhar, e não fora dele. Quanto ao Maurício de Souza, acreditamos que não foi fácil, esperar terminar todos os resquícios da ditadura Militar no Brasil, para demonstrar aos brasileiros que a televisão nos afasta da realidade, condiciona nossos pensamentos e ameniza as barbáries cometidas pelos poderosos.
Como historiador sei que os acontecimentos passados, servem para nos ensinar a não cometer os mesmos erros, então, Jamais voltaremos para contar as maravilhas que vislumbramos aqui fora, como por exemplo, o tele-transportador que nos leva em um segundo até Marte e em cinco até Júpiter, as novas florestas amazônicas que foram implantadas, uma em cada continente e dez em cada Planeta, e a maior de todas as maravilhas, a verdadeira origem do Homem. Estas e muitas outras “Novidades” estão todas aí, bem na sua frente, porém você insiste em ficar na caverna vendo sombras e alguns nem isto vêem. Não voltaremos para avisar ninguém, no máximo mandaremos um email, ou talvez até façamos um artigo relatando todas estas maravilhas que descobrimos, porém voltar à caverna jamais, afinal ninguém quer morrer!
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