Irmãos Limbourg. Les Très Riches Heurs du duc de Berry. Outubro. 1412-1416. Iuminação s/ pergaminho; 22,5x13cm. Chantilly, Musée Condé |
Irmãos Limbourg. “Maio”, in Les très riches heures du duc de Berry. 1412-1416. Iluminura sobre pergaminho; 22,5 x 13,6cm. Chantilly, Musée Condé. |
"C'est mai, c'est le joli mois de mai!", diz uma antiga canção francesa. Chegou o belo mês de maio.
May day, o primeiro dia de maio, é dia de festa, de celebração, desde a antiguidade. Na Roma antiga, entre 28 de abril e 3 de maio se realizavam as festas da primavera - a Floralia -, quando a gente comum podia se divertir com música, dança, canto, teatro e jogos.
Na Idade Média, alguns costumes derivados do festival da Floralia faziam com que, no primeiro dia de maio, os rapazes saíssem para o campo em busca de pequenos ramos e que as pessoas vestissem roupas verdes. Quem não o fazia podia virar alvo de chacota. E aí está a origem da expressão francesa "je vous prends sans vert" (ou seja, literalmente: te peguei sem verde, ou, aproximadamente: te peguei bobeando). Em alguns locais era comum que os nobres distribuíssem as caras roupas verdes a seus súditos.
Na deliciosa imagem dos irmãos Limbourg, trabalhando na França para o duque de Berry, Maio vem ilustrado pelas reminiscências da floralia. No arco que envolve a cena, o estado do céu revela os signos zodiacais de touro e gêmeos. Embaixo, ao som de música e acompanhando um alegre cortejo, três damas a cavalo vestem o verde da festa. Gente nobre, conforme indica a suntuosidade das roupas. O próprio duque de Berry parece ter sido ali representado, com o manto azul cravejado de flores bordadas a ouro; ele, que quando rapaz corria ao campo em busca dos ramos do may day. No segundo plano, uma densa cortina de árvores indica a floresta, mas nos deixa entrever acima, fechando o horizonte, as torres e tetos dos palácios urbanos. Estamos na aurora da Idade Moderna.
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