terça-feira, 30 de outubro de 2012

O que era a Gestapo?

                                        


O nome é uma abreviação de Geheime Staatspolizei (Polícia Secreta do Estado), organização que investi- gava, torturava e prendia opositores ao regime nazista (Reich) da Alema- nha, entre 1933 e 1945. A atuação da Gestapo era baseada no Decreto para a Proteção do Povo e do Estado, assinadoem 1933 pelo presidente alemão, Paul von Hindenburg, após um atentado incen- dário contra o Parlamento alemão. Sob pretexto de defender o país contra atos violentos (supostamente causados por comunistas), o texto restringia direitos civis, como a liberdade de expressão e a de imprensa. Assim, sob proteçãolegal, agentes secretos podiam agir como bem entendessem. Eles não precisavam de mandados judiciais para interrogar, aprisionar e até enviar supostos opo- sitores políticos do Reich para campos de concentração, sob controle de outra organização nazista, a SS (sigla alemã para Tropa de Proteção). 

CONTROLE TOTAL 

Colaboração de civis e tortura eram usadas para intimidar e punir a população alemã na 2a Guerra Mundial.

Fofoca Maldosa

“A principal fonte de informações para a Gestapo eram denúncias de cidadãos sobre vizinhos e familiares”, explica o historiador Robert Gellately, da Universidade do Estado da Flórida, EUA. A rede era tão ampla que com apenas 32 mil oficiais, a Gestapo ficava de olho em cerca de 70 milhões de alemães.

Os Infiltrados

Além de montar escutas telefônicas e violar correspondências de suspeitos, os agentes se infiltravam em organizações com potencial para agregar inimigos do Reich. Vestidos a paisana, eles frequentavam reuniões de igrejas, do Partido Comunista e até se disfarçavam de operários em fábricas.

 

Acima da Lei

O regime nazista conseguiu instaurar uma paranoia anticomunista que justificou a criação de leis e decretos que davam poder ilimitado à polícia, além de restringir liberdades individuais. A Gestapo podia, portanto, espionar comunicações privadas e manter suspeitos sob prisão preventiva sem acusação formal.

Sentença de Morte

Quando os interrogatórios com suspeitos não revelavam dados relevantes, os agentes apelavam para vários métodos de tortura, como afogamento, choques, espancamento e queimaduras. A Gestapo também tinha carta branca para enviar suspeitos de serem inimigos do nazismo para os campos de concentração.

Além da Fronteira

A influência da polícia secreta crescia conforme a Alemanha avançava sobre outros territórios. Prova disso é que Reinhard Heydrich, um dos líderes pioneiros da Gestapo e arquiteto do Holocausto, foi presidente da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) entre 1940 e 1942. 

Os Perseguidos 

A investigação era direcionada para grupos sociais específicos. Em geral, a Gestapo perseguia pessoas que já eram malvistas, temidas ou odiadas. Isso aumentou a popularidade da organização entre os “cidadãos de bem”. Os principais alvos eram comunistas, judeus, alguns padres e trabalhadores estrangeiros.

Origem da comemoração do Halloween

                   
Uma versão ancestral da festa - que por aqui também é conhecida como Dia das Bruxas - provavelmente surgiu na Europa, centenas de anos antes de Cristo. Originalmente, o Halloween era um ritual dos celtas, um povo que habitou a Grã-Bretanha e a França entre o ano 2000 e o ano 100 antes da era cristã. Para eles, a noite de 31 de outubro, data da comemoração até hoje, indicava o início do Samhain, uma importante celebração que marcava três fatos: o fim da colheita, o Ano-Novo celta e também o início do inverno, "a estação da escuridão e do frio", um período associado aos mortos. "No Halloween, segundo a mitologia desse povo, era possível entrar em contato com o mundo dos desencarnados", diz a historiadora Clare Downham, da Escola de Estudos Celtas, na Irlanda. Como se pregava que esse contato libertava todo tipo de espírito, as pessoas acreditavam que, durante aquela noite, fantasmas, demônios e fadas ficavam à solta. 

Para representar esse caos sobrenatural, os celtas se fantasiavam com peles e cabeças de animais abatidos para o inverno. A crença nos espíritos também despertou outros costumes típicos da festa, como o uso de leite e comida (hoje substituídos por doces) para acalmar os visitantes do além. Outras tradições, porém, foram deixadas de lado, como o hábito de acender fogueiras para espantar os espíritos. Bem depois, no século 9, a festa foi influenciada pela expansão do cristianismo na Grã-Bretanha. Na tentativa de acabar com os festejos pagãos, o papa Gregório III consagrou o dia 1º de novembro para a celebração de Todos os Santos. Surgiu daí a própria palavra halloween, originada de all hallows eve, que em português quer dizer "véspera do dia de Todos os Santos". Finalmente, no século 20, o Halloween juntou ao seu caldeirão de influências a força da cultura dos filmes de terror, que hoje dão o tom da celebração tanto na Grã-Bretanha como nos Estados Unidos.

Por que a abóbora é o símbolo do Halloween?


per-130-aboboras-halloweenDevido à adaptação da lenda de Jack o’lantern para o folclore norte-americano. Na Irlanda, acendiam velas dentro de nabos para afastar maus espíritos na festa celta de Samhain, que celebrava o fim do verão. O costume teria sido levado pelos imigrantes para os EUA e incorporado ao All Hallows Even (véspera do Dia de Todos os Santos), dando origem ao Halloween. Reza a lenda que Jack, homem que gostava de beber, cruzava com o diabo em seus porres e enganou o coisa-ruim várias vezes para não ser levado para o inferno. Até o dia em que, de tanto beber, morreu. Sua entrada foi negada no céu e também no inferno, já que humilhara o demônio em vida. Desde então, Jack passou a vagar com velas dentro de nabos para iluminar sua alma penada. Quando os irlandeses chegaram à América, teriam percebido que as abóboras eram mais abundantes por lá e passaram a usá-las no lugar dos nabos.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vida de Mestre!



O Dia do Professor é feriado no Brasil desde os anos 1960. De lá para cá, o país mudou muito, mas os profissionais continuam mal remunerados, com uma carga horária de trabalho desgastante e desvalorizados socialmente

                    
                                                                          

          Quem quer ser professor no Brasil? Poucos. Nos dias de hoje, somente 2% dos alunos do ensino médio mostram-se interessados na carreira docente, embora 1/3 deles tenha pensado, em algum momento, em segui-la. As razões para tanto desinteresse vão desde a baixa remuneração, à rotina desgastante ou mesmo à desvalorização social. Ser professor é um mau negócio. O resultado é que, hoje, faltam mais de 700.000 professores nos ensinos fundamental e médio.

Aqui, diferente de países como EUA, China e Índia, o Dia do Professor é feriado oficial. Comemorado no dia 15 de outubro, foi instituído nacionalmente em 1963 no governo de João Goulart. Seu início remete à década de 1930, quando grupos de professores católicos organizaram iniciativas para comemorar o “Dia da Mestra” e o “Nosso Primeiro Mestre” lançado pela Associação de professores Católicos do Distrito Federal (Rio de Janeiro, naquela época). A data - consagrada à Santa Tereza D’Ávila, religiosa e escritora reconhecida, proclamada Doutora da Igreja pelo Papa Paulo VI -, é associada ao Decreto Imperial de D. Pedro I, em 1827. Nele, o imperador ordenava a criação de escolas de “Primeiras letras” em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império.

A criação de um dia comemorativo não significou, contudo, a valorização do professor. Sem dúvida, se olharmos de 1963 para cá, o Brasil avançou em muitos aspectos na educação: diminuiu consideravelmente o analfabetismo, colocou a quase totalidade da população infantil na escola e aumentou consideravelmente o ensino universitário. Tais avanços, no entanto, foram insuficientes e a educação brasileira é, ainda hoje, uma das piores do mundo. A principal razão disso é o desinteresse pelo magistério. Os melhores alunos tendem a se direcionar para carreiras mais bem remuneradas. Resultado: muitas vezes falta uma formação sólida àqueles que devem ensinar.

Outro problema real é a desvalorização social: nas escolas privadas é comum os professores ouvirem dos alunos que seus pais ganham mais ou que eles, professores, são seus empregados. Nas escolas públicas, a desvalorização vem quase sempre do desconhecimento, por parte dos próprios pais, da importância da educação. Junte-se a isso uma rotina desgastante, que inclui uma enorme carga horária de trabalho, dentro e fora de sala de aula.

Tudo isso ocorre no momento em que o Brasil sofre com a falta de mão de obra qualificada em todos os setores. Surge aí um estranho paradoxo: quanto maior a carência de mão de obra, maiores os salários nos diversos setores e, portanto, menos atrativa se torna a carreira do magistério. É preciso educar a população, mas quem vai fazê-lo?

O governo federal vem tentando responder a essa questão com o estímulo à docência. Por um lado, apoiando a multiplicação das licenciaturas. Por outro, concedendo bolsas e criando programas de incentivo à formação de professores. Falta ainda, no entanto, o reconhecimento expresso numa carreira estruturada e numa remuneração adequada.

Em um contexto tão negativo, poderíamos imaginar que os professores fossem uma espécie em extinção. No entanto, eles somam quase 2 milhões de profissionais em todo o Brasil, ensinando mais de 50 milhões de alunos. Nos últimos anos, a qualificação de grande parte dos docentes tem aumentado: percebe-se que eles respondem positivamente quando estimulados e apoiados.

Magistério não é sacerdócio, mas é vocação. Há uma magia indescritível em ensinar, que sem dúvida move a maior parte de nossos mestres a seguir em sua profissão. Há material humano. Há vontade de ensinar e aprender. O que falta é valorizar o professor não somente no seu dia, mas durante todo o ano.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Primeiras Universidades



Foi em Bolonha, no norte da Itália, no final do século XI. Embora os registros históricos sejam imprecisos, a data mais aceita é 1088, quando o ensino na cidade se tornou livre e independente das escolas religiosas. Pouco depois, no século XII, foi fundada a Universidade de Paris e esses dois estabelecimentos deram, então, a largada para o surgimento de inúmeros outros na Europa. Mesmo que fossem desvinculados da Igreja, dependiam do aval do clero ou do governo para funcionar. Dedicavam-se ao ensino das leis, da medicina, da astronomia e da lógica. 

No Brasil, a primeira instituição de ensino superior foi a Escola de Cirurgia da Bahia, criada em 1808. "Depois vieram as faculdades de Direito de São Paulo e de Olinda, em 1827", diz a historiadora Maria Lígia Coelho Prado, da USP. Já a primeira universidade a oferecer cursos variados foi a do Rio de Janeiro, fundada em 1920

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Qual é a diferença entre Reino Unido e Grã-Bretanha?

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INGLATERRA
É um país que tem como capital a cidade de Londres. Ao longo da história, a Inglaterra conseguiu se impor politicamente sobre alguns países vizinhos e passou a controlar um Estado batizado de Reino Unido (veja a seguir). No século 19, com a Inglaterra à frente, o Império Britânico se tornou um dos maiores da história, com uma extensão territorial equivalente a um quarto do planeta!

GRÃ-BRETANHA

É o nome da grande ilha onde ficam três países: Inglaterra, País de Gales e Escócia. Com quase 230 mil km2 de área, ela tem perto de 1000 km de comprimento de norte a sul e pouco menos de 500 km de leste a oeste. O termo "Grã-Bretanha" muitas vezes é usado como sinônimo de "Reino Unido" - o que não é inteiramente correto, pois um dos países que formam o Reino Unido não fica nessa ilha.

BRETANHA

O nome deriva da grande ilha onde fica a Inglaterra, mas, quando alguém menciona apenas "Bretanha", está se referindo não a um território inglês, mas a uma região na França. A província da Bretanha é a maior área costeira francesa e tem como capital a cidade de Rennes. Por volta do século 6, essa região foi invadida por habitantes da atual Grã-Bretanha, os bretões, dando origem ao nome em comum.

REINO UNIDO

É um Estado formado por quatro países: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. A chefe de Estado é a rainha Elizabeth II e o de governo um primeiro-ministro, eleito por um Parlamento central, em Londres. Nas grandes questões de governo, como política econômica, quem manda é esse Parlamento. Mas Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte também têm assembléias nacionais, com certa autonomia para tratar de questões mais locais, como saúde.

ILHAS BRITÂNICAS

É um arquipélago formado por cerca de 5 mil ilhas. As duas maiores são a Grã-Bretanha e a ilha da Irlanda - onde ficam dois países, a Irlanda do Norte (membro do Reino Unido) e a República da Irlanda, também chamada de Eire (um Estado independente). Além das duas "grandalhonas", fazem parte desse arquipélago milhares de ilhas menores, como as Órcades, Shetland, Hébridas, Man e ilhas do Canal (como Jersey).

Morre o historiador Eric Hobsbawm, aos 95 anos.

Morreu na manhã desta segunda o historiador marxista Eric Hobsbawm, britânico de origem judaica, em Londres, aos 95 anos. Hobsbawm estava com pneumonia e não resistiu ao tratamento.
De acordo com comunicado divulgado por sua família, Hobsbawm deixa "não só sua mulher dos últimos 50 anos, Marlene, seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também seus milhares de leitores e pesquisadores no mundo todo". Autor de Era dos Impérios, Era das Revoluções, Era dos Extremos e Globalização, Democracia e Terrorismo – entre muitos outros –Hobsbawm revolucionou – de fato – a historiografia e a interpretação da História sobre o nosso tempo.

Relevante e fundamental

Poucos historiadores tiveram o privilégio e a lucidez de refletir sobre sua própria época. Britânico, nascido em Alexandria, no Egito em 1917, Hobsbawm passou seus primeiros anos em Viena, nas ruínas do último grande império europeu, o Habsburgo. Ainda criança se muda para Berlim, onde permanece até vitória do partido nazista em 1933. Quando a Segunda Guerra Mundial teve inicio - já historiador e membro do Partido Comunista Britânico - colaborou com os serviços de inteligência e integrou o Royal Army Educational Corps, uma divisão responsável pela instrução e educação dentro do exército.

Na década de 60, se relaciona com a privilegiada geração de historiadores marxistas ingleses, como Christopher Hill e Edward Thompson. Seu interesse pelo trabalhismo o leva a estudar as revoluções burguesas do século XIX. Nascia a preciosa série dividida em eras: Revoluções (1789-1948), Capital (1848-1975), Impérios (1875-1914). Bibliografia obrigatória dos cursos de História de todo mundo, seus trabalhos sobre o período ainda foram acrescidos de dois livros fundamentais sobre História Moderna: A Invenção das Tradições (1983) e Nações e Nacionalismo desde 1780 (1991).

Seu trabalho mais marcante, no entanto, viria com “A Era dos Extremos” de 1991. Coincidindo com boa parte do seu tempo de vida, o historiador se coloca no papel de testemunha do mais interessante e sangrento século da história, como costumava dizer. Ele divide o período em três eras. A primeira, a da catástrofe, marca as duas grandes guerra, o surgimento da União Soviética, a crise econômica de 1929 e o aparecimento dos fascismos. A segunda, nas décadas de 50 e 60, chamada de anos dourados, período de grande expansão econômica do capitalismo. Por fim, entre 1970 e 1991, o desmoronamento final, quando os sistemas ideológicos e institucionais caem por terra.

Hobsbawm viveu muito, mas parece pouco frente à magnitude de sua obra. Foram mais de 30 livros, alguns sobre paixões pessoais, como “A História Social do Jazz” (1989), outros como reafirmação de sua coerência ideológica, como seu último, “Como mudar o mundo: Marx e o Marxismo” (2011). Nos últimos anos, permaneceu ativo e publicando muito. Em 2002 lançou sua autobiografia, “Tempos Interessantes”. Cinco anos depois, alguns ensaios que incluíam análises pontuais sobre o mundo pós 11 de setembro. Sua morte, aos 95 anos, deixa gerações de historiadores órfãs de um dos historiadores mais lidos e influentes do último século.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ana Bolena no reinado de Henrique VIII


A história de Ana Bolena no reinado de Henrique VIII

A tumultuada vida - e a polêmica morte, com suspeita de adultério - de Ana, a mais famosa entre as seis mulheres do rei inglês Henrique VIII
Por ela, o rei Henrique VIII abandonou sua mulher, Catarina de Aragão. Por ela, o monarca rompeu com a Igreja Católica. Por ela ainda, o herdeiro dos Tudors fundou uma nova religião, a Igreja Anglicana. Também por essa mulher, o homem mais poderoso da Inglaterra do século 16 sujou as mãos de sangue. Em 1536, três anos após casar-se com o rei e provavelmente com 35 anos, Ana Bolena acabou decapitada, sob a acusação de adultério com cinco homens - entre eles, o próprio irmão.

Não é de estranhar que a vida de Ana, tão cheia de intrigas de alcova, sexo, mortes, mentira e traição, seja, séculos depois, ainda popular no cinema, na internet e na literatura, com mais de 40 biografias publicadas. A mais recente, e também a mais polêmica versão, com doses maiores de sexo e menores de conspiração, acaba de ser lançada nos Estados Unidos e na Inglaterra - Anne Boleyn: Fatal Attractions (Ana Bolena: Atrações Fatais) - e é ainda inédita em português.
Ela não era a mais bonita das pretendentes do rei, mas foi capaz de encantá-lo.

Na contramão do que alega a grande maioria dos historiadores contemporâneos, partidários da inocência da rainha, o autor George Bernard, professor da Universidade de Southampton, na Inglaterra, acredita que ela pode ter mesmo pulado a cerca. E até três vezes, talvez por causa da desesperada tentativa de conseguir um herdeiro do rei. O pesquisador contesta a visão de que a mais famosa dos Bolenas tenha sido vítima de uma armação, seja por parte de Henrique VIII, interessado em ter um filho homem (que ela não dava), seja por parte de nobres inimigos, em busca de mais poder.

Para chegar a essa conclusão, Bernard baseia-se principalmente em um poema de 1536, escrito por Lancelot de Carles, diplomata francês na Inglaterra. Segundo um dos trechos, a infidelidade da rainha veio à tona por acaso, numa discussão entre uma de suas damas de companhia, a condessa de Worcester, e o irmão, que a acusava de adultério. Na tentativa de se defender, a condessa teria alegado que suas escapadas não eram nada se comparadas às da rainha - ela, sim, ia para cama não só com um músico da corte, mas com o próprio irmão. Pronto, estaria engatilhado o processo que custou a vida de Ana e a de seus cinco supostos amantes. Entre eles, o músico da corte Mark Smeaton, o único réu confesso. Interrogado, disse que dormiu três vezes com a rainha.

Ana menina

Ana nasceu entre 1500 e 1507. Não se sabe ao certo. Filha de um embaixador, cresceu entre as mais sofisticadas cortes da época. Morou no palácio de Margarida da Áustria, regente dos Países Baixos, e, perto dos 20 anos, foi dama de companhia da rainha Claudia, na França, onde se apaixonou pelos costumes locais.

Em 1521, foi chamada de volta à Inglaterra por causa dos crescentes desentendimentos entre Henrique VIII e o rei francês Henrique I. No ano seguinte, o inglês declararia guerra à França, de olho em territórios do outro lado do canal da Mancha e no controle de portos no mar do Norte. Ana logo se tornou uma dama de companhia da futura rival, a rainha Catarina de Aragão. Acabou fisgando o coração do nobre Henry Percy. "O amor entre os dois era tão grande que resolveram se casar", contou, então, George Cavendish, servo do todo-poderoso cardeal Thomas Wolsey. Mas o religioso proibiu o namoro. Teria sido uma exigência do rei, já apaixonado por ela.

Na época, o cobiçado papel de amante do monarca era de sua irmã mais velha, Mary (leia acima, à dir.). Com fama de difícil, Ana teria resistido por cinco anos às investidas de Henrique VIII. Acabou parando na cama real depois de arrancar a promessa de casamento. Determinada, não se contentava como amante. Outra versão, defendida por George Bernard, é que o soberano resistiu aos encantos dela. Ele temia que, se o caso ganhasse evidência, seriam frustradas as negociações com o papa para o tão desejado divórcio, baseadas até então em argumentos teológicos. Bernard diz que o rei era íntimo de Ana e poderia ter feito sexo com ela se quisesse. Numa das cartas de Henrique a Ana, por exemplo, ele dizia acreditar que logo beijaria os seios dela.

Durona ou não, acabou sob os lençóis do rei. No início de 1533, descobriu que estava grávida de sua única filha, a futura rainha Elizabeth I. Com a barriga inesperada, a dupla casou-se em segredo. Meses depois, em 23 de maio, Thomas Cranmer, o novo arcebispo de Canterbury, deu o sinal verde para o divórcio entre o monarca e Catarina. Ana finalmente ganhava direito à coroa. No domingo 1º de junho, em trajes de veludo roxo, ela foi coroada com toda a pompa na abadia de Westminster.

Entre tantas versões da vida de Ana, as maiores polêmicas são seu papel na corte e o fato de ter ou não traído Henrique. "Ela é culpada apenas de comportamento inadequado com os cortesãos", diz o historiador Peter Marshall, professor da Universidade de Warwick. Seu principal argumento é que a traição não foi confessada pela rainha nem por quatro de seus cinco supostos amantes. "Com medo do castigo divino, os criminosos quase sempre admitiam o delito até minutos antes de morrer. Se fosse culpada, ao insistir em sua inocência, Ana estaria cometendo perjúrio não só aos olhos dos homens, mas aos de Deus. E qualquer pessoa do século 16 acreditaria que isso levaria à condenação eterna."

Filho homem

O historiador Estevão Martins, da Universidade de Brasília, afirma que o rei se desinteressou por Ana quando ela não produziu um herdeiro homem (o que tampouco havia feito Catarina): "Esse era um motivo para grandes conflitos constitucionais na hora da sucessão". E cita agravantes. Ana enfrentava a resistência de facções políticas, como a nobreza escocesa católica, supostamente disposta a alimentar acusações de adultério. "Eles queriam vê-la morta porque eram contrários à criação da Igreja Anglicana."

Também fala em armação Edmilson Martins Rodrigues, professor de história moderna da PUC-RJ. "Henrique VIII se livrou de Ana porque precisava de apoio de grupos da alta nobreza, inimigos da rainha", diz. O soberano havia distribuído terras confiscadas da Igreja Católica para a pequena nobreza, responsável pela produção agrícola. Queria, assim, levar o grupo ao Parlamento e ganhar força política. Depois, mudou de ideia e voltou a buscar o apoio da alta nobreza. E Ana era alinhada ao primeiro grupo. Há também quem defenda que por trás das acusações estava Thomas Cromwell, o mais importante ministro da corte. Ele e a rainha teriam se desentendido quanto aos rumos do confisco das terras da Igreja e da política externa (Cromwell queria se aliar ao Sacro Império Romano-Germânico e ela preferia a França). Essa é a tese de Eric Ives, um dos mais renomados biógrafos de Ana.

Por conspiração, adultério ou uma combinação dos dois fatores, o fato é que ela acordou cedo na sexta feira, 19 de maio de 1536. Antes de amanhecer, assistiu à sua última missa. Por volta das 8 horas, caminhou até o cadafalso da Torre de Londres. Em suas últimas palavras, encomendou a alma a Deus. Ainda elogiou o rei, provavelmente tentando evitar perseguições a sua família. Foi vendada e decepada a golpe de espada. Dez dias depois, Henrique VIII casou-se com a amante Jane Seymour - união que lhe rendeu o tão esperado herdeiro, o futuro rei Eduardo VI. O soberano ainda teve três outras mulheres, até morrer, em 1547.

* Carta de Henrique VIII a Ana Bolena em 1528


Negócio rentável

Ao cair nas graças do rei, as amantes ganhavam dinheiro e poder

Ser amante de rei era um negócio e tanto há alguns séculos. A função rendia títulos, presentes e polpudas mesadas. Algumas das eleitas também tinham um enorme poder político. Não é para menos que muitas famílias encorajavam suas rebentas a dividir os lençóis com o monarca da vez. Entre os Bolenas, não foi diferente. "O pai jogou suas duas filhas, Mary e Ana, na cama de Henrique VIII (à esq.)", diz o historiador Estevão Martins. "Naquela época, mulheres e filhas serviam de moeda de troca nos jogos de interesse da corte." Embora na praça desde o começo da realeza, as amantes tiveram seu apogeu nos séculos 16, 17 e 18 - quando eram "obrigatórias" aos monarcas franceses, ingleses e alemães, diz Eleanor Herman no livro Sexo com Reis - 500 Anos de Adultério, Poder, Rivalidade e Vingança. Uma das mais poderosas representantes da safra foi Diane de Poitiers, amante do rei francês Henrique II. Em meados do século 16, ela nomeou ministros e criou impostos. Dois séculos depois, com a Revolução Francesa, as queridinhas da realeza perderam lugar sob os holofotes. Com a moral dos novos tempos, as aventuras amorosas ganharam ares mais discretos.

178º Aniversário de D.Pedro I


Morre D. Pedro I, primeiro monarca do Império do Brasil

24 de septembro de 1834 

No dia 24 de setembro de 1834 morria, em Lisboa,  D. Pedro I, primeiro fundador e primeiro monarca do Império do Brasil. Nascido no dia 12 de outubro de 1798, em Lisboa, ele foi o quarto filho do rei Dom João VI com a rainha Carlota Joaquina. Quando Portugal foi invadido por tropas francesas, ele e toda a aristocracia portuguesa fugiram para o Brasil, em 1808.

O início da Revolução liberal do Porto, em 1820, em Lisboa, obrigou D. João VI a voltar para Portugal em abril de 1821. Com isso, D. Pedro I ficou como príncipe-regente do império e precisou lutar contra ameaças de revolucionários e insubordinação de tropas portuguesas.

Diante da tentativa do governo português de retirar a autonomia política do Brasil, Pedro I optou por declarar a independência do Brasil de Portugal em 7 de setembro de 1822. Em 12 de outubro, foi aclamado imperador brasileiro e, em março de 1824, havia derrotado todos os exército leais a Portugal. 

Ele ficou no poder até 7 de abril de 1831, quando, incapaz de lidar com os problemas do Brasil e de Portugal ao mesmo tempo, abdicou do trono em favor do seu filho Dom Pedro II, retornando à Europa. De volta a Portugal, ele se viu em meio a uma guerra, que envolveu toda a península ibérica, numa luta entre defensores do liberalismo e os que defendiam o absolutismo. Pedro I morreu de tuberculose, no dia 24 de setembro de 1834, poucos meses após ele e os liberais obterem a vitória. Ele morreu no palácio de Queluz, no mesmo quarto e na mesma cama onde nascera 35 anos antes.

domingo, 19 de agosto de 2012

Dia do Historiador!



A que postura ideal somos convidados a ter no Dia Nacional do Historiador? Há algo de irônico nisso, algo de silencioso, de castrado, algo de museu. A necessidade de instituir um marco também para a categoria profissional da história parece embebida do espírito destes tempos, em que através da memória oficial encontramos a legitimidade de nossos papéis sociais e podemos continuar quietos, satisfeitos de nossa condição. Neste quadro, coube ao historiador a ilusão de precisar a direção do tempo, que fluiria do passado para o futuro, afeito à variedade classificada, protegida dos horrores da desorientação, da incerteza, das ambigüidades e ironias que desde sempre constituem o tempo.

Talvez seja necessário retirar da história parte do peso de carregar um passado coerente e preciso, fundamento mais seguro das identidades. Equivaleria a distribuir as chaves para um universo que não precisa acabar, no qual o homem é destituído de uma posição de domínio, de um modo de ser determinado por conjuntos de variáveis mais ou menos previsíveis, pois que alicerçadas em colonizadas relações de unidade e identidade.

Há mais de 500 anos um enorme contingente de pessoas caminha entre o mito do paraíso perdido e as descobertas mais fantásticas no campo das ciências e tecnologia, da economia mundial, e da comunicação extravagantemente massiva. A vida tem sido tecida por múltiplos processos sociais que garantem a manutenção dessas condições, aspiração e profundo desejo de um futuro desenvolvido e eternamente mais moderno. E neste amplo arco de um conceito um tanto oportunista de “modernidade” consideramos os encurtamentos geográficos e as aproximações étnicas, a estigmatização dos conflitos de classe, raça e nacionalidade, religião e ideologia, na esperança de alcançar o comando da própria história.


Reconhecimento

Da aventura do descobrimento humano nos séculos XV e XVI, a inelutável sociedade “global” contemporânea, o problema do reconhecimento e da demarcação das identidades culturais combinou-se a um desejo de modernização social e desenvolvimento econômico a-históricos, pois que diluídos em fragmentários caminhos distantes de qualquer referência de transformação que marcou esses séculos de experiências. A linha reta do passado institucionalizado chamou de civilização a exclusão política, e de tolerância cultural, o racismo das opções modernas de inclusão.

O Ocidente tornou-se o lugar por excelência da liberdade, desde que as diferenças identitárias estejam devidamente elencadas e asseguradas pela lei – cujo argumento fundamental tem sido repetidamente a História. Ao mesmo tempo, do espírito moderno de ruptura que marcou finais do século XIX, não cultivamos atualmente qualquer referência, profundidade ou sentido e começamos a nos chamar de pós-modernos, decretando o fim daquela história, novamente, como se isso fosse possível. Formatamos o inconsciente individual e o acaso histórico, o desejo pessoal de mudança e a democracia participativa em um capítulo da história em direção a uma infinidade de novas, atraentes e perturbadoras experiências e memórias incapazes, contudo, de nos municiar da compreensão de quem somos e qual o nosso lugar.

No Brasil, ora discutimos no campo político a verdade unívoca de capítulos de nossa história, comemoramos de forma perturbadora a chegada do futuro sem demonstrar qualquer empatia pelas já antigas lutas de classe, lutas sociais, conflitos e contradições psicológicas que constituíram gerações tragadas por um passado de datas e monumentos, mas sem qualquer conexão com a imagem futurista de nosso presente. O modelo ideal de sociedade responsabiliza a agitação social e suas incertezas por um fracasso determinista confinado às histórias contadas nas salas de aula, às bibliotecas universitárias, aos museus e patrimônios culturais, distantes, portanto, da ampla sensibilidade social, das ruas, do espaço público e da memória, na qual todos os sentimentos humanos de senso de pertencimento, compreensão e atividade, sexualidade e desejos podem ser inventados e reinventados todos os dias de acordo com as necessidades e interesses pessoais.

Diante disso, talvez a ambigüidade do conhecimento histórico, a consciência da incerteza do progresso, do acaso e do devir devam ser postas em causa. Deixemos por um momento a homenagem mais problematizadora do estudo do passado, para abrir mais espaço ao erro e a ilusão, obscurecidos pelo desejo colonial de modernidade. Que as oportunidades de mobilidade e transformação moral desde muito sonhadas, assim como a incansável busca de crescimento econômico e humano não lancem nossa secularidade a categorias cristalizadas em datas e acontecimentos. Mas que o dia de hoje seja mais uma chance de reflexão sobre nossos vínculos emocionais com uma imensa trajetória de lutas, diversidade e possibilidades de vida, de valores, de alternativas de futuro.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Participação das Mulheres na Revolução Francesa




A atuação das mulheres na Revolução Francesa foi marcada por uma marcha que forçou o rei a deixar Versalhes
Na história tradicional da Revolução Francesa, os grandes personagens são homens: Maximilien de Robespierre (1758-1794), Georges Jacques Danton (1759-1794), Jean-Paul Marat (1743-1793). Uma mulher brilha nos relatos, porém do lado da realeza: a rainha Maria Antonieta (1755-1793). Mas a participação feminina foi muito mais importante do que se imagina. "Sua presença na cena política foi tolerada e até incentivada no início da Revolução, porém reprimida em outubro de 1793, e depois novamente, de forma definitiva, em 1795", afirma a pesquisadora Tania Machado Morin em uma tese a respeito do assunto, defendida na Universidade de São Paulo - e um dos raros estudos sobre o tema já publicados no Brasil.

As mulheres fundaram clubes políticos, discursaram na Assembleia Nacional, participaram das jornadas revolucionárias. Mas, acima de tudo, foi um grupo de 7 mil mulheres do povo que marchou 14 quilômetros de Paris a Versalhes, sob chuva, para protestar contra a escassez de pão, gritando: "Vamos buscar o padeiro (o rei), a padeira (a rainha) e o padeirinho (o príncipe delfim)". A Marcha das Mulheres alcançou o objetivo de trazer o rei Luís XVI e sua família para Paris. Poucos dias depois, a Assembleia Nacional também se mudou para a capital.

Esse período de ativismo político foi pouco estudado até os anos 1980, quando as comemorações do bicentenário da Revolução Francesa impulsionaram as pesquisas sobre o tema e fizeram justiça à ação pioneira das cidadãs revolucionárias francesas.
Influência e liderança.

Antes de 1789, só mulheres da aristocracia tiveram poder. Depois, surgiram lideranças nas classes populares e entre a burguesia.
Os irmãos Edmond (1822-1896) e Jules Goncourt (1830-1896) escreveram - com uma dose de exagero - sobre a mulher da aristocracia francesa no século 18: "Ela tinha o rei da França ao seu alcance; dava ordens na corte, mantinha as alianças políticas, a paz e a guerra, a literatura, as artes e a moda nas dobras de sua saia. Do começo ao fim do século, o governo da mulher foi o único governo visível e apreciável". Parte dessa descrição poderia se aplicar a madame de Pompadour, amante do rei Luís XV (1710-1774) durante 20 anos. A partir de 1789, em meio à efervescência social e política, uma geração de revolucionárias entrou na cena política. Muitas vinham das classes populares e tiveram papel importante em vários momentos cruciais da Revolução (leia abaixo).

Surgiram as primeiras vozes feministas (o termo nem existia na época), como Olympe de Gouges (1748-1793), que escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, dizendo que, se a mulher tinha o direito de subir no cadafalso, também deveria ter o de subir na tribuna. Foi guilhotinada em 1793, acusada de se esquecer das virtudes de seu sexo. A baronesa holandesa Etta Palm d'Aelders (1743-1799) fez discursos em defesa dos direitos políticos da mulher, da educação feminina e do divórcio. Considerada suspeita, fugiu para a Holanda. Théroigne de Méricourt (1762-1817) declarou que as mulheres se armariam para mostrar aos homens que não tinham menos coragem que eles. Pronunciada louca em 1794, foi internada num hospício feminino até a morte.

Mas foi na Marcha a Versalhes de 5 e 6 de outubro de 1789 que as mulheres irromperam na cena pública como protagonistas políticas. As militantes causaram escândalo dentro e fora da França e medo nas autoridades, que decretaram a lei marcial para pacificar a rebelião a força. "A marcha marcou o início do ativismo das mulheres do povo e sua integração ao movimento de massa revolucionário, coisa inédita na França e na Europa da época", diz a pesquisadora Tania Morin. Em agosto de 1792, muitas participaram do ataque ao palácio das Tulherias, em Paris, onde morava a família real desde 1789. O acontecimento levou à destituição e prisão do rei e ao início do regime republicano na França.

Em 1793, Claire Lacombe e Pauline Léon fundaram o principal clube político feminino da Revolução: a Associação das Republicanas Revolucionárias. Elas reivindicavam o porte de armas para defender a pátria dos inimigos internos (um direito exclusivo dos cidadãos). À época, havia 60 clubes políticos femininos ou mistos espalhados pelo país. Em outubro de 1793, todos foram fechados e Pauline Léon passou seis meses na prisão.

Em maio de 1795 havia fome na capital. Suicidas se atiravam no rio Sena, inclusive mães com filhos pequenos. Exasperadas pelo racionamento de pão e pela não aplicação da Constituição democrática de 1793, as mulheres dos bairros operários, apelidadas de "bota-fogos", instigaram um levante popular contra o governo da Convenção Nacional. Foi a gota d’água. A insurreição foi derrotada e as mulheres, alijadas da política nacional. A repressão severa é a maior prova de que elas incomodaram seriamente a ala masculina da Revolução.
Igualdade entre os sexos.

Os principais momentos da revolução e a participação feminina

1789-1790
Mulheres escrevem numerosas cartas e panfletos pedindo educação, treinamento profissional e igualdade para homens e mulheres perante a lei.

1789
5 de maio: Abertura dos Estados Gerais.
14 de julho: Tomada da Bastilha. Entre os combatentes, ficaram registrados vários nomes de mulheres.
26 de agosto: Os deputados aprovam a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
5 e 6 de outubro: Marcha das mulheres para Versalhes. O rei Luís XVI é forçado a se mudar para Paris.

1790 

2 de fevereiro: Surge a associação política Sociedade Fraternal dos Patriotas dos Dois Sexos.

19 de junho: A Assembleia Nacional suprime a nobreza hereditária, os títulos e os brasões.

3 de dezembro: Luís XVI escreve ao rei da Prússia para pedir apoio.


1790-1791

Formação de associações políticas femininas. Os herdeiros são declarados iguais perante a lei. É o fim dos privilégios da primogenitura masculina.

1791

20-21 de julho: Fuga e prisão do rei em Varennes.

17 de julho: No Campo de Marte, massacre de manifestantes contrários à restauração do rei.

3 de setembro: Aprovação da Constituição de 1791, que inclui o sufrágio masculino censitário.

Setembro: Olympe de Gouges publica a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã.

1792

6 de março: Pauline Léon apresenta à Assembleia uma petição de 319 parisienses reivindicando a formação de uma guarda nacional feminina.

20 de abril: A França declara guerra ao rei da Hungria e da Boêmia.

10 de agosto: O palácio das Tulherias, onde morava o rei, é invadido pelo povo.

20 de setembro: Aprovação da lei do divórcio.

21 de setembro: Fim da monarquia e início da república.

1795

20 a 24 de maio: Insurreição de Prairial, instigada pelas mulheres, que gritam o lema: "Pão e Constituição!".

- A Convenção proíbe as mulheres de frequentar as assembleias e de se reunir nas ruas em grupos de mais de cinco.

26 de outubro: Fim da Convenção Termidoriana e início do governo do Diretório.

1794

4 de fevereiro: A Convenção decreta a supressão da escravidão nas colônias.

Fevereiro e março: Agitação das operárias das oficinas de fiação.

28 de julho: Robespierre e 22 seguidores são guilhotinados.

Setembro: Théroigne de Méricourt é declarada louca e internada.

1793

21 de janeiro: Execução de Luís XVI na guilhotina.

Abril: o deputado Guyomar propõe a igualdade política de homens e mulheres. Sua sugestão não é aprovada pela Assembleia.

16 de outubro: Execução de Maria Antonieta na guilhotina.

30 de outubro: Proibição dos clubes políticos femininos.

Jornada revolucionária

Depois de um dia de marcha, negociações e violência na madrugada, as manifestantes conseguiram trazer o rei Luís XVI a Paris

Em setembro de 1789, faltava pão em Paris. As autoridades nada resolviam. As mulheres ameaçavam tomar as rédeas da situação. Um incidente infeliz no palácio de Versalhes precipitou a rebelião. Em 1º de outubro, durante uma recepção da família real a oficiais do regimento de Flandres, oficiais teriam pisoteado aos risos a cocarda (insígnia militar) tricolor, símbolo da revolução, e levantado brindes à cocarda austríaca, da terra natal da rainha Maria Antonieta. Notícias e boatos a respeito da ofensa percorreram Paris como um rastilho de pólvora. A indignação do povo estava prestes a explodir.

Em 5 de outubro, as mulheres tomaram a iniciativa, batendo tambores e tocando os sinos das igrejas para reunir a multidão. Mesmo após a queda da Bastilha, o rei ainda conservava certa aura de poder divino. O povo acreditava que sua presença resolveria a escassez. Por isso, causava irritação o isolamento de Luís XVI em Versalhes. Além disso, era intolerável sua recusa em assinar decretos importantes aprovados pela Assembleia Nacional, como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

As mulheres vieram em massa para o ponto de encontro na praça Luís XV, atual praça da Concórdia, armadas de lanças, foices, machados e mosquetões e puxando um canhão sem munição. Escolheram Maillard, oficial da Guarda Nacional e herói da Bastilha, para liderar a marcha. O grupo exigia a punição dos oficiais do banquete em Versalhes, o restabelecimento do suprimento de trigo e a presença do monarca em Paris. Exaustas mas vitoriosas, as mulheres do povo voltaram para a capital acompanhando a família real e trazendo a promessa de providências para a crise do pão. Como disse o escritor Jules Michelet (1798-1874): "Os homens tomaram a Bastilha, as mulheres tomaram o rei".

A ida

Reunidas e armadas, as manifestantes partiram na direção de Versalhes

1. Concentração
Uma multidão se concentra em frente ao Hotel de Ville, sede da prefeitura de Paris à época, e denuncia o prefeito Bailly por corrupção. O grupo é formado por mulheres do povo: vendedoras, lavadeiras, costureiras, artesãs.

2. A Marcha começa
Depois de tomar armas no Hotel de Ville com a ajuda de homens, o grupo se dirige à praça Luís XV, atual praça da Concórdia. A massa aumenta ao longo do percurso, atraindo militares, operários e gente da burguesia. Dali, todos partem para Versalhes, a fim de falar com o rei e a Assembleia.

3. Chegada a Versalhes
Depois de 14 quilômetros debaixo de chuva, 7 mil mulheres acompanhadas de soldados e populares se concentram nos portões do palácio. O grupo conta com o apoio da Guarda Nacional. O rei, que estivera caçando de manhã, fora avisado da manifestação e estava no palácio.

4. Mulheres na Assembleia
Parte das manifestantes se dirige à Assembleia Nacional, ao lado do palácio. Os deputados são interrompidos, as mulheres tomam a palavra e uma delas discursa da tribuna. Elas forçam a aprovação de medidas para diminuir o preço do pão.

5. Desmaio diante do rei
Doze mulheres vão ao palácio pedir ao rei que resolva a falta de pão. A porta-voz do grupo, Louison Chabry, de 17 anos, fica tão emocionada diante de Luís XVI que só consegue dizer "pão!" e desmaia. O rei a socorre paternalmente. Louison entra revolucionária e sai monarquista.

6. Tentativa de fuga
Luís XVI manda preparar as carruagens, reúne a família e tenta fugir pelos fundos. Membros da Guarda Nacional dizem a ele que não podem garantir sua segurança fora do palácio. Impedido de sair, ele volta para a residência.

7. Declaração assinada
Pressionado pelos gritos que vêm de fora e apreensivo com a iminente chegada de 15 mil guardas nacionais, o rei enfim capitula: assina a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

A volta

Com o rei a caminho da capital, o protesto se transformou em festa

8. Invasão e morte
Durante a noite, a população invade o palácio e ruma para os aposentos da rainha Maria Antonieta. Ela foge por uma passagem secreta direto para quarto do rei. O incidente provoca a morte de dois guardas.

9. O rei fala com o povo
Acompanhado da rainha e do comandante La Fayette (1757-1834), o rei se apresenta no balcão para os mais de 30 mil manifestantes que exigiam sua presença em Paris. Acuado, Luis XVI cede, com a condição de ser acompanhado pela rainha e pelos filhos.

10. Retorno a Paris
Depois de uma madrugada tensa, a família viaja na carruagem real, em meio a mulheres sentadas em canhões, manifestantes cantando "Viva o rei, viva a nação" e duas cabeças decapitadas em pontas de lança. Da procissão fazem também parte 100 deputados, guardas nacionais e carroças de trigo.

11. O cortejo real na capital francesa
Na chegada, Luís XVI recebe as chaves da cidade do prefeito Bailly e fala ao público do balcão do Hotel de Ville. Depois ele se instala no palácio das Tulherias, um espaço muito menor que Versalhes e que estava abandonado havia 100 anos. Duas semanas depois, o preço do pão cairia.

Post-Scriptum
Por Tania Machado Morin*


Legado escondido
O exemplo das revolucionárias só foi resgatado depois da Segunda Guerra

Uma patriota da cidade de Besançon declarou que as mulheres preferiam os elevados ideais da Revolução às trivialidades do amor. Imbuídas dos princípios de liberdade, justiça e igualdade contidos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, o entusiasmo daquelas mulheres era sincero, apesar de não terem oficialmente nenhuma das prerrogativas da cidadania, como o direito ao voto e às armas. A ruptura revolucionária abriu espaços inéditos de expressão política a um grupo social antes excluído deles: as mulheres do povo, que estavam mais preparadas do que se imaginava para ocupá-los. Pressionadas pelas circunstâncias, elas saltaram da política de bairro para a cena nacional ao se dirigirem às mais altas instâncias de poder em outubro de 1789: a Assembleia Nacional e o rei. Na sede do Legislativo, falaram de igual para igual com os deputados, subvertendo a ordem hierárquica tradicional. Ali nasceram as militantes francesas. Tendo combatido, não queriam ficar à margem dos acontecimentos.

As autoridades pensavam diferente: era preciso transformar aqueles seres políticos em esposas e mães dedicadas à família. Em 1793, uma lei estipulou que as "patriotas de outubro" teriam lugar especial nas cerimônias cívicas, durante as quais deveriam tricotar pacificamente na companhia dos maridos e filhos. A moral republicana exigia uma divisão clara entre papéis masculinos e femininos. Na Revolução, mulheres de todas as classes desempenharam com orgulho a função materna, agora acrescida de uma dimensão política e patriótica. Não era pouco: sua missão era educar os futuros heróis da nação. As militantes não viam incompatibilidade entre a vida política e a doméstica. A pátria era uma extensão da família. Mas os líderes jacobinos não queriam compartilhar o espaço com as mulheres, e a vocação materna foi a justificativa para a exclusão. Entretanto, as razões políticas não foram menos importantes para o silenciamento de adversárias estridentes que instigavam rebeliões populares e ameaçavam o poder.

O que restou de toda aquela experiência revolucionária? Os atos de cidadania femininos foram varridos do mapa até meados do século 19. O exercício pleno dos direitos cívicos imaginado pelas patriotas só se materializou na França após a Segunda Guerra Mundial. Mas as lutas pela cidadania do início da Revolução inspiraram as futuras gerações. A Sociedade das Republicanas Revolucionárias foi o protótipo dos clubes políticos femininos que surgiram na revolução de 1848. Como salientou a historiadora americana Harriet Branson Applewhite, depois da Revolução Francesa, qualquer planejamento de guerra incluía pensões para as viúvas ou esposas de mutilados de guerra, uniformes e provisões para maridos e filhos no exército, oficinas de trabalho para as mães e esposas de combatentes.

A Revolução acentuou o papel das mulheres como barômetro das crises sociais. Elas tinham se habituado a ir às galerias das assembleias exigir providências se suas reivindicações fossem negadas. Mas não se pode falar em continuidade entre as revolucionárias e as feministas contemporâneas. Separa-as o século 19, marcado pela profunda desigualdade política, social e jurídica entre os dois sexos. Os tratados médicos do fim do século 18 apontaram uma subalternidade orgânica no gênio feminino, condenando-as a uma espécie de menoridade vitalícia. Tal é o fundamento científico da subordinação da mulher ao homem no Código Civil de Napoleão (1804). Essa legislação reafirmou a autoridade paterna, reinstituiu a supremacia marital e tornou o divórcio mais punitivo para a esposa que para o marido. A teoria da domesticidade e da debilidade física e mental da mulher custou ao sexo feminino a relativa liberdade de que desfrutou nos primeiros anos da Revolução, sepultando por um século os sonhos políticos das mulheres livres de 1793. A marcha das mulheres foi longa e acidentada, e o legado das revolucionárias só foi resgatado pela geração das feministas do pós-guerra.


Eleições Papais



O papa é eleito por um colégio de cardeais que se reúne no Vaticano a portas fechadas. A assembléia para a escolha de um novo pontífice se chama conclave. Após a morte do papa, todos os cardeais do mundo com menos de 80 anos devem viajar a Roma. Hoje existem 135 "eleitores" nessa situação, seis deles brasileiros. Mas o processo de escolha nem sempre foi tão restrito (e pacífico). Foi o papa Nicolas II quem instituiu, em 1509, um decreto tornando a participação na votação exclusiva aos cardeais. Antes disso, era o clero e o povo quem apontava o representante máximo da Igreja Católica e as eleições costumavam ser bem mais conturbadas.

Quando o novo pontífice é eleito, ele recebe um nome especial para honrar uma tradição iniciada ainda com o primeiro líder da Igreja Católica. Segundo a historiografia cristã, Jesus mudou o nome do pescador Simão, um dos seus apóstolos, quando o escolheu para ser seu representante na terra, dizendo o seguinte: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja". Simão se tornou São Pedro e desde então cada papa eleito indica o nome que lhe agrada. "A escolha do nome é surpresa também para nós, cardeais", diz o cardeal brasileiro dom Paulo Evaristo Arns, que participou dos conclaves que elegeram os papas João Paulo I e João Paulo II, em 1978.

Votos de fé
Fumaça branca nos céus do Vaticano indica que um novo nome já foi escolhido
1. Quando o papa morre, o camerlengo — cardeal que assume a igreja interinamente — cumpre um ritual. Ele toca três vezes a testa do papa com um martelinho e o chama pelo nome de batismo. Sem resposta, ele anuncia oficialmente o falecimento

2. O conclave começa 18 dias após a morte do papa, tempo necessário para que os cardeais de todo o mundo cheguem a Roma. Eles se reúnem num edifício ao lado da Basílica de São Pedro e recebem um livro contendo parte da vida e da obra de cada um dos cardeais presentes ao conclave — todos candidatos a ser o novo papa

3. A eleição é na Capela Sistina, famosa pelas pinturas do genial Michelangelo (1475-1564). Cada cardeal indica o colega que quer como papa e põe o voto (secreto) num cálice. É difícil algum nome receber logo as indicações necessárias: dois terços mais um voto. Por isso, ocorrem várias votações, duas por dia, até surgirem candidatos fortes que consigam atrair cada vez mais apoio

4. No fim de cada rodada, os votos são contados e queimados. Se nenhum cardeal atingiu os dois terços, os votos são queimados com um produto químico que gera uma fumaça negra que sai da capela. Se a votação indicou um novo papa, os votos são queimados com um produto que torna a fumaça branca

5. Quando um cardeal atinge dois terços mais um dos votos (ou a maioria simples após 30 votações), o camerlengo pergunta ao vitorioso se ele aceita ser papa e qual nome deseja usar. Depois, o camerlengo vai ao balcão de pregações na Basílica de São Pedro e diz a famosa frase: Habemus papam, ou seja, "temos um papa"

Uso das Perucas...


Por que todo mundo usava peruca na Europa dos séculos XVII e XVIII?



Não era todo mundo, apenas os aristocratas. A moda começou com Luís XIV (1638-1715), rei da França. Durante seu governo, o monarca adotou a peruca pelo mesmo motivo que muita gente usa o acessório ainda hoje: esconder a calvície. O resto da nobreza gostou da idéia e o costume pegou. A peruca passou a indicar, então, as diferenças sociais entre as classes, tornando-se sinal de status e prestígio. Também era comum espalhar talco ou farinha de trigo sobre as cabeleiras falsas para imitar o cabelo branco dos idosos. Mas, por mais elegante que parecesse ao pessoal da época, a moda das perucas também era nojenta. "Proliferava todo tipo de bicho, de baratas a camundongos, nesses cabelos postiços", afirma o estilista João Braga, professor de História da Moda das Faculdades Senac, em São Paulo.

Em 1789, com a Revolução Francesa, veio a guilhotina, que extirpou a maioria das cabeças com perucas. Símbolo de uma nobreza que se desejava exterminar, elas logo caíram em desuso. Sua origem, porém, era muito mais velha do que a monarquia francesa. No Egito antigo, homens e mulheres de todas as classes sociais já exibiam adornos de fibra de papiro - na verdade, disfarce para as cabeças raspadas por causa de uma epidemia de piolhos. Hoje, as perucas de cachos brancos, típicas da nobreza européia, sobrevivem apenas nos tribunais ingleses, onde compõem a indumentária oficial dos juízes.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Amar

Amar:

Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...

O amor é quando a gente mora um no outro.

Mario Quintana

segunda-feira, 30 de julho de 2012

106º Aniversário do grande poeta Mário Quintana



Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprendem a ler e não leem, Mario Quintana



Mário de Miranda Quintana nasceu na cidade gaúcha de Alegrete, em 1906, onde viveu até 1919, quando se mudou para Porto Alegre. Em 1929, ingressou na redação de O Estado do Rio Grande. Em 1934, a Editora Globo publicou sua tradução de Palavras e Sangue, de Giovanni Papini, a primeira de muitas que faria depois (verteria para o português, entre outros, obras de Marcel Proust e Virginia Woolf). Em 1940, saiu seu primeiro livro publicado, os sonetos de A Rua dos Cataventos. Em 1943, iniciou a publicação do Caderno H, que reunia poemas e trechos em prosa poética, na Revista Província de São Pedro. Em 1950, publicou O Aprendiz de Feiticeiro e, no ano seguinte, Espelho Mágico.

Aos 60 anos, lançou Antologia Poética, que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia de Melhor Livro do Ano. Em 1986, o poeta recebu uma consagração raramente vista na vida literária brasileira, com lançamento da coletânea Oitenta Anos de Poesia e abertura de exposição sobre sua vida, entre outras homenagens. Morreu em 1994, aos 87 anos.

Poeta do cotidiano, das coisas simples, da natureza, do humor tranquilo, do mistério da existência, da aceitação estóica da vida e da morte, Mário Quintana, que costuma ser ligado à Geração de 45 (que revelou também João Cabral de Melo Neto), sofreu e ainda sofre de uma dupla apreciação: aquela feita pelos que o consideram um dos mais elaborados artífices da poesia brasileira e a dos que, sem desmerecer seus achados técnicos, consideram-no passadista e pouco inovador.

A questão também está relacionada a duas atitudes do poeta. Uma foi sua recusa por aderir às modas. Quando todos praticavam o verso livre, ele se voltou para as formas tradicionais, como o soneto; quando o gosto preconizava os padrões clássicos, ele preferiu privilegiar os poemas breves, à Oswald de Andrade, e a prosa poética. Outra característica sua geradora de debates é a propalada simplicidade, que muitos têm na conta de simplicismo. Esse preconceito foi mudando com os anos, conforme explica Tania Franco Carvalhal, especialista na obra do poeta gaúcho, "[o leitor] aprendeu a descobrir que a aparente facilidade de sua poesia é resultante de um complexo trabalho de linguagem, de uma depuração lenta que nada deve ao espontâneo. Na verdade, trata-se de uma rara identificação entre cantar e viver, que lhe permite o trânsito fácil entre fantasia e realidade, entre expressão de lirismo e densidade dramática".

É o que comprova sua Nova Antologia Poética, lançada em 1981, incluindo 40 poemas novos à antologia anterior (sem o "nova"), coligida pelo poeta em 1966, com o auxílio dos colegas Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. A nova coletânea contempla toda a evolução artística do poeta. Independentemente da forma de expressão escolhida (poema em prosa, composições breves, soneto), percebe-se um poeta sempre fiel a si mesmo; seja no seu amor à terra ("Na mais profunda treva eu sonharei contigo / minha terra em flor"), seja no acolhimento da morte ("Morrer é simplesmente esquecer as palavras"), seja nos acordes autobiográficos ("O outono toca realejo / no pátio de minha vida").