quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ciúme.

Ninguém é dono de Ninguém, mas viver sem ciúmes é uma utopia.


 Como dizia Freud , o ciúme é algo natural da vida psíquica. O ciúme anda junto com o amor, como o luto que é o modo de aprender a conviver com o sofrimento da perda, o ciúme é o medo da perda que vem antes de qualquer coisa que possa acontecer. E o problema está ai. Mesmo que haja motivo para ter ciúmes, ele é um sentimento que se define pela antecipação, sendo assim a prova de nada.

O difícil para mim até hoje foi chegar nessa interpretação. Meu ciúmes não revelava ameaça e sim o quanto alimento o meu medo de perda. E de quebra ainda matei outra charada, nem sempre uma sensação é a realidade. E procurar o equilíbrio disso pode ser a única forma de evitar sofrimento por colocar o carro na frente dos bois.

E foi nesses dias que me sinto Otelo de Shakespeare – o ciúmes disfarçado com olhos verdes- Meu olhar cativante de repente enlouqueceu com palavras e meu medo virou pânico, de meigo virei fulminante. O meu ciúme fugiu da barreira do cuidado normal e se mostrou um apego exagerado, poder, dominação e até mesmo em violência. E depois dessa decidi olhar para dentro e mudar.

Por ser ciumento ignorei a mim mesmo e criei a fantasia de possuir alguém. Apesar de amar acabei atrapalhando o próprio sentimento de amor por privar quem amo do melhor desse sentimento, a liberdade.

Nunca amei ninguém me sentindo dono de algo, como se tivesse conquistado um direito de posse. Porem muitas vezes me peguei reclamando do controle sobre alguém, como quem exige diretos de consumidor.

Sabe quando você se doa e cobra como se tivesse feito uma compra? “Paguei, quero o que me pertence ou meu dinheiro de volta”.

Não sei se fantasiei tudo?!  Sinceramente tenho certeza que não. Mas eu me senti em muitos momentos passando do meu limite. Achei estranho e exaustaste, principalmente por nunca ter agido assim com meus outros relacionamentos. Talvez dessa vezes fiquei exposto a ameaças em muitos momentos e em outros as ameaças se concluíram e vem se concluindo na frente dos meus olhos – horas que justificam meu sentimento de perda/ciúmes.

Mas aceitar que o ciúmes exagerado passou por mim – pela primeira vez, já que sempre fui muito desapegado das pessoas- é um modo de superá-lo. É preciso entender onde o problema se cria como se enraíza e como é tratado para que se dê o próximo passo com confiança de não precisar olhar para trás.

Se o meu problema de ciúmes foi um trauma criado no começo da relação ou as fantasias que depois criei por conta de alguém que as sustentava, agora não importa. O importante é saber que hoje sei o caminho da cura do meu problema, da angustia que me impedi de ver o que a vida de cada um, por mais acompanhada que seja, é a experiência de saber ser único e só.

Eu avalie meu erro, estou tratando de procurar o melhor caminho. Já você, espero que também ache a cura dos seus. Não quero mais saber nem procurar motivos, quero seguir em frente. Afinal não existe ladrão de amor alheio, ninguém pode dizer quem ou o que é culpado de um amor que se esvai.

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