domingo, 29 de janeiro de 2012

O Nome da Rosa

Férias e tudo de bom... consegui ler “O Nome da Rosa” depois de muito tempo e depois assistir ao longa. Sem sombra de duvidas o livro e bem melhor mas o longo não deixa a desejar eu RECOEMENDO!!




“No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto a Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto a Deus e o dever do monge fiel seria repetir cada dia com salmo diante humildade o único evento imodificável do qual se pode confirmar a incontrovertível verdade.”



Deste modo começa O Nome da Rosa, livro que tornou o italiano Umberto Eco um autor reconhecido no mundo todo. Publicado originalmente em 1980, a obra reproduz a vida em uma abadia no norte da Itália em meio a assassinatos, mistérios, divergências teológicas e políticas.

Sabendo que não iria viver por muito mais tempo, Adso resolve em sua cela no mosteiro de Melk narrar fatos ocorridos muito tempo atrás, na época em que ainda era noviço e tinha como mestre o inglês Guilherme de Barkerville. Essas ocorrências  se deram num período agitado da história, o início do século XIV. As heresias aumentavam  as várias ordens tentavam tomar a verdade da Igreja apenas para si e os imperadores desejavam esmigalhar o poder do Papa.
 Era também o tempo do renascimento cultural europeu, quando as universidades apareciam em várias cidades e o uso da razão começou a ser novamente esclarecidas  para explicar os fenômenos.

Uma morte enigmática, seguindo, talvez, passagens do Apocalipse. Resolver este caso, antes que as delegações da Ordem Franciscana e do Papa cheguem à abadia, é a missão dada pelo abade a Guilherme e seu pupilo, Adso.

Indagando dezenas de pessoas, de despenseiros a bibliotecários, Guilherme usa de seu juízo lógico para montar o quebra-cabeça. Outra morte logo acontece, desta vez do copista Venâncio.

Guilherme, que gostava de desvendar  o que havia por trás dos fatos antes de lhes irrogar significados sobrenaturais, percebe que há algo sendo escondido em relação à biblioteca, e é para ela que rege seus esforços, mesmo que o acesso seja ilícito.

Em meio ao conflito gerado por tantos acontecimentos, Adso relata suas conversas com as mais desiguais pessoas, com as mais diversas experiências. Fica perturbado ao ver que as manifestações heréticas tão duramente contestáveis pela Igreja, assim como muitas das vertentes aceitas pelo Papa têm idéias e origens idênticas. O que altera um herege de um mártir não passa muitas vezes da simples deliberação de uma pessoa poderosa.

Certa noite, entretanto, Adso, resolve, explorar a biblioteca sozinho. Acha, caída num canto da cozinha, uma moça, cujas palavras não compreende. Não resiste à visão da mulher e quebra seus votos de castidade. A recordação desse fato o atormenta, mas Guilherme lhe explica que não foi tão hediondo assim.

Guilherme fala com Severino, o monge herborista, e ouve falar de um antigo veneno, muito potente e há anos desaparecido. Multiplicam-se os suspeitos.

Descobre-se que os monges Remigio e Salvatore tinham sido adepto de Dulcino, um herege responsável pela morte de milhares de pessoas e que pregava uma vida de desregramento e a morte de todos os sacerdotes, em nome da purgação da cristandade. As idéias obscuras de Dulcino aparecem na obra em vários instantes. Guilherme garanti, contudo, manter o segredo dos frades.

Nesse meio tempo chegam à abadia as delegações do Papa e dos Franciscanos. Os dois grupos solicitavam fazer uma prévia do futuro encontro com o Papa, em Avignon, onde o destino da Ordem Franciscana, tão forte, mas muitas vezes tomada como contraditória, seria sentenciado.

Guilherme e Adso voltam à biblioteca e encontram seu segredo. Ao invés de ser dividida em ordem alfabética ou pela data em que foram escritas as obras, os livros estavam repartidos por países posto de acordo com a geografia. Cada uma das dezenas de salas correlação a uma letra, e dependendo da forma como se percorria os corredores, chegava-se a um conjunto de obras de locais não parecidos. Estes locais eram apontados pela seqüência de letras das salas percorridas. Era, portanto, uma maneira para organizar milhares de volumes (a maior coleção da Europa na época), ao mesmo tempo em que possibilitava ao bibliotecário recordar onde estava e como chegar a deliberado livro. Todavia, há uma sala pela qual não se sabe como entrar, exatamente aquela apontada por escritos de Venâncio.

A contenda teológica  acontece, e os monges franciscanos e dominicanos discutem a pobreza de Cristo. A discussão se torna enérgica, logo os discursos são tomados por falas vulgares, e nada se pode concluir, exceto uma coisa: o encontro havia sido uma calamidade, e não se podia esperar uma melhora da situação quando da reunião com o Papa João XXII.

Mais tarde naquela noite uma nova morte é descoberta: Severino. A responsabiliza  cai, sem contestação, em Remigio, descoberto na cena do crime. É preso, e, juntamente com ele, Salvatore, pego em flagrante com uma mulher (a mesma encontrada por Adso) e com indícios de ter praticado magia negra.

Após ser obrigado a revelar, Remigio é setenciado à fogueira. A mulher é tomada como bruxa, e tem o mesmo fim. Todos pensam que é o fim das crueldades, que finalmente a abadia poderá prosseguir  com sua rotina de paz.

 Porém, no dia seguinte, após chegar atrasado na primeira missa da manhã, Malaquias, o bibliotecário, cai morto e envenenado, sem nenhuma explicação razoável.

Ao desvendar  mais sobre o passado de Jorge (um ancião cego), Malaquias e do próprio abade, o caso finalmente começa a fazer sentido para Guilherme.

O frade inglês e Adso aprendem como entrar na sala secreta da biblioteca, mas descobrem que o abade havia sido preso num compartimento próximo à cozinha. Sem poder fazer nada para ajudá-lo, os dois correm e acham Jorge com a relíquia que tanto queria proteger: um livro. Um livro sobre o riso.

Tudo é, então, esclarecido. O ancião explica que, muito tempo atrás, havia descoberto um livro de Aristóteles e o considerou muito arriscado. Como não podia mudar a história e fazer com que os outros escritos aristotélicos, que tanto haviam alterado o modo de pensar das pessoas, desaparecessem, tentou impedir que esta última obra, sobre as virtudes do riso, fosse lida por outros. Jorge considerava a risada algo maligno, e se as pessoas fossem instigadas  a rir de tudo, seria o fim do medo, do terror do inferno, do temor a Deus, e, por conseguinte, a Igreja ruiria. Por muitos anos, ele tentou evitar que os simples, o povo, tivessem outra idéia que não aquela protegiam pelos religiosos. Para isso, envenenou as páginas do livro, fazendo com que todos que o tocassem tivessem uma morte rápida.

Jorge começa a aniquilar  o livro, mas enquanto fugia de Guilherme e Adso uma tocha iniciou um incêndio na biblioteca. Como a maior  parte da abadia era construída em madeira, muitos dos prédios ficam logo em chamas, e pouco pode ser feito para combatê-las. É o fim do ancião, de todos os livros, e do próprio monastério.

Os monges se separam, e Adso volta à sua cidade natal, Melk, onde começa, então, a contar sua história.

Umberto Eco conclui sua obra com uma idéia: a procura pela verdade suma, ou o ato de tomar algo como tal verdade, é o que causa a intransigência e a total falta de razão.

“Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus”, a rosa antiga permanece no nome, nada temos além dos nomes.


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