quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pare


Nos dias calmos, em que tudo em redor
se harmonizava como num hino à vida,
em que uma abelha pousava numa flor
que, antes, se abrira, por saber-se escolhida...
Nos dias calmos, em que a vida corria
como um regato a desenhar o seu destino,
banhando um seixo que, por pouco, não via
- fosse mais lesta a mão daquela menina...
Nos dias calmos, em que a água empoçada
era espelho fiel de um céu sem fim
e em que os insetos, em nuvem adensada
e ébrios de sol, se abeiravam de mim...
Nos dias calmos, em que, já saturada,
me entediava com tanta calmaria,
eu não sonhava, sequer, que a caminhada,
que era tão lenta, em pressa acabaria.
Pare!...
Nos dias vãos de vida que hoje enfrento,
se não me acautelar e defender,
não viverei – serei vivido pelo tempo,
num asséptico padrão pronto-a-viver.

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