terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Primeira Mulher a Comandar o Brasil.


Vamos lá depois de muitas conversas com amigos, colegas e alunos começaram as cobranças Carlos bem que  você poderia publicar algo. Aqui vai, observar a disputa deste ano permite ao analista discordar, ao menos pontualmente, da conclusão de Hobsbawn que “encurtou” o século XX no livro “A Era dos Extremos”, situando seu ponto final no início dos anos 90. No Brasil, do ponto de vista político institucional, é forçoso reconhecer que, ao contrário, em boa medida ele ainda se arrasta. 
Primeira mulher a chegar à Presidência no Brasil, a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff  conseguiu o feito naquela que foi considerada a disputa mais agressiva das últimas décadas.
A vitória também traz outra marca para a história da República. Com Dilma, o PT se torna o partido a permanecer mais tempo no poder seguidamente – 12 anos – no país. 
Em sua primeira declaração após eleita, agradeceu aos eleitores e afirmou que honrará a confiança que depositaram nela.
No discurso feito após a consolidação do resultado, garantiu que fará um governo com foco na erradicação da pobreza, no fortalecimento da economia nacional e fará esforços por uma reforma política que eleve os valores republicanos.
Depois, assumiu o compromisso de “honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural”.

Disse Dilma:

“Reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras”.

O primeiro pronunciamento de Dilma Rousseff como presidente eleita foi frio e sóbrio. Em 25 minutos, disse o básico e essencial.

Em sua primeira entrevista só demonstrou emoção ao pronunciar o nome de Lula. Nesse ponto, embargou a voz. Sorveu um gole d’água.

Dilma acenou para os “partidos de oposição” e para os setores que se opuseram à sua eleição: “Estendo minha mão a eles”. 

Realçou o ineditismo de uma presidência de batom: Prometeu “honrar as mulheres, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural”. 

Comprometeu-se com os valores da democracia: “Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa, pela mais ampla liberdade religiosa e de culto... 

“...Pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos. [...]. Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República”. 

Repisou promessas de campanha. A principal delas: “A erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras”. 

Atenuou a retórica: “Esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo” Pediu ajuda “aos empresários, às igrejas, às entidades civis...” 

“...Às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem". 

Começou a falar a sério sobre economia. Soou como se afiasse a tesoura: “O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável”.

Especificou os setores que não serão alcançados pela lâmina: 

“Recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos”. 

O PIB? “Buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso, zelaremos pela poupança pública”. 

Antes de estender a mão à oposição, disse que governará com os dez partidos que integraram sua coligação. 

Repisou um lero-lero comum a todos os antecessores –tanto na reiteração quanto no descumprimento: 

“Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos”. 

Disse que as nomeações serão guiadas pela meritocracia. Citou “a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país” como essenciais. 

Reformas? Só mencionou uma: a política. Ao final de uma campanha em que teve de se esquivar do Erenicegate e do Fiscogate, declarou: 

“Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo...” 

“...Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos”. 

Deixou os “agradecimentos” para o final. Primeiro, aos eleitores. Aos seus: “Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido”. 

E aos que optaram pelos outros: “Agradeço respeitosamente também àqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas”. 

Por quê: “Eles também fizeram valer a festa da democracia”. 
Alisou um setor que o petismo passou a enxergar como inimigo: “Agradeço à imprensa brasileira e estrangeira” pela cobertura da eleição. 

Remoeu as diferenças: “Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste”. 

Martelou uma frase que já levara aos lábios noutras oportunidades: “Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras”. 

Por fim, deteve-se no principal responsável por ter virado presidente da República: 
“Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda...” 

“...Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente”. 

Por ora, não parece preocupada em livrar-se da lulodependência: “Baterei muito à sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta”. 

Em termos protocolares, o discurso foi mais do que adequado. É preciso agora dar tempo ao tempo para verificar qual será a prática. Piadas à parte, a Dilma é, sim, a pessoa escolhida para liderar nosso país, e devemos pedir a Deus que lhe dê sabedoria para fazê-lo.

Um comentário:

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